"As bombas fazem parte da minha vida. Não conhecemos outra coisa, por isso não temos medo", disse à Lusa o jovem Eli Golstein, 28 anos, condutor da carrinha colorida e que se faz anunciar com música estridente dos desenhos animados "Bob Esponja" junto aos militares concentrados na zona leste da cidade de Sderot, a cerca de quatro quilómetros da Faixa de Gaza.
"Nesta situação, a única coisa que podemos fazer é vir para aqui e enfrentarmos todos os perigos. O mais importante são os soldados e os cidadãos que não conseguem sair daqui. As ruas estão vazias. Nem se vêem os gatos. É muito triste", diz o irmão de Eli.
Os homens da família Goldstein dizem-se preocupados com o destino de quem enfrenta o movimento islamita que controla Gaza desde 2007.
"São os nossos heróis", diz o jovem de Telavive, referindo-se aos soldados do Exército de Israel que se encontram mobilizados junto às fronteiras de Gaza, a norte, leste e sul.
"Agora vamos para onde estão outros soldados. Esta carrinha é do meu pai. Temos uma empresa imobiliária em Telavive. Não temos medo, este é o nosso país e não temos medo", conclui Eli.
Os soldados rodearam a carrinha e levaram os gelados enquanto se ouvia o maior disparo de artilharia de campanha de Israel contra Gaza - das últimas horas percetível - da zona oriental da cidade de Sderot.
Uma enorme coluna de fumo dirige-se para o interior, empurrada pelo vento que sopra do mar.
A carrinha dos gelados partiu para servir outros militares envolvidos em tarefas semelhantes.
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