Mandla Mandela, que é deputado do Congresso Nacional Africano (ANC), antigo movimento de libertação e partido no poder desde 1994 na África do Sul, falava à margem de uma marcha de solidariedade de manifestantes pró-Palestina realizada hoje junto ao edifício do Parlamento, na Cidade do Cabo, sul do país.
"Temos uma resolução sobre o demérito total da nossa Embaixada [em Israel] para o estatuto de [estrutura de] ligação. Muitos de nós apelámos ao corte total dos laços [entre a África do Sul e Israel], nem sequer queremos ter quaisquer relações com Israel do 'apartheid' e queremos dizer ao Movimento de Solidariedade Internacional, que, da mesma forma que estiveram lado a lado connosco, que nos apoiaram, em particular na batalha de Cuito Cuanavale, em Angola, apelamos a que também estejam à altura nesta ocasião e apoiem o Hamas e a resistência palestiniana na luta contra o seu opressor", declarou Mandla Mandela à imprensa local à margem da manifestação.
"Tal como fomos capazes de derrubar o regime do 'apartheid' da África do Sul, iremos também colapsar o regime de 'apartheid' de Israel", adiantou Mandla Mandela.
O Movimento de Solidariedade Internacional (ISM, na sigla em inglês) é uma organização não governamental, criada em 2001, que apoia a causa palestiniana no conflito israelo-palestiniano.
O Governo sul-africano condenou hoje o bloqueio das Forças Armadas israelitas à Faixa de Gaza, alertando para uma "nova catástrofe" humanitária na região que constitui uma violação das convenções de Genebra.
Na quinta-feira, o presidente da África do Sul apelou à abertura de "corredores humanitários" no Médio Oriente para ajudar as pessoas afetadas pela guerra, que eclodiu no passado sábado entre Israel e a organização islamita Hamas.
Todavia, o Governo do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder desde 1994, e o Presidente da República, Cyril Ramaphosa, que é também presidente do ANC, não condenaram o ataque terrorista do grupo islamita em território israelita que causou a morte de mais de 700 civis, justificando tratar-se de uma "causa de pessoas oprimidas".
O Hamas, internacionalmente classificado como organização terrorista, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou a 07 de outubro um ataque surpresa contra o território israelita, que designou como operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de 'rockets' e a incursão de combatentes armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel está a bombardear há cinco dias a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como "Espadas de Ferro".
As autoridades israelitas confirmaram até agora mais de 1.300 mortos e de 3.000 feridos desde o início da ofensiva do Hamas, apoiada pelo Hezbollah libanês e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.
Do lado palestiniano, o Ministério da Saúde confirmou hoje que, em Gaza, os ataques da retaliação israelita fizeram pelo menos 1.799 mortos e mais de 7.000 feridos e que também se registaram 47 mortos na Cisjordânia, bem como cerca de 600 feridos.
Cerca de 1.000 combatentes do Hamas foram igualmente abatidos durante confrontos com as forças de segurança em território israelita, segundo um porta-voz do exército de Israel.
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