"Não está claro quem disparou. Lamentamos muito a morte. Estamos a investigar, pois temos imagens e podemos fazer uma análise cruzada. É um acontecimento trágico", disse Richard Hecht, porta-voz do Exército israelita, durante uma conferência com meios de comunicação internacionais.
Issam Abdallah, que trabalhava para a Reuters, foi morto na sexta-feira quando cobria a situação no sul do Líbano, nos arredores da aldeia de Aalma el-Chaab, e vários outros jornalistas do mesmo grupo, incluindo dois da agência France-Presse (AFP), ficaram feridos.
Uma fonte de segurança libanesa disse à AFP que os primeiros bombardeamentos israelitas aconteceram na sequência de uma tentativa de infiltração de palestinianos no lado libanês da fronteira.
"Responderemos a cada tiro disparado do Líbano com um tiro", insistiu no sábado o brigadeiro-general Daniel Hagari, comandante das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla inglesa) que atualmente desempenha as funções de chefe da Unidade do Porta-voz do exército.
"O exército israelita tem uma força muito grande no norte e qualquer pessoa que chegue à fronteira [com Israel] para entrar em território israelita morrerá", acrescentou, sublinhando que "o Líbano pagará o preço".
A tensão está a aumentar gradualmente na fronteira israelo-libanesa.
Hoje de manhã, segundo um outro porta-voz do exército israelita, vários "terroristas" foram mortos numa tentativa de infiltração em Israel a partir do Líbano, que foi frustrada pelo exército.
"Há algumas horas, soldados do exército israelita identificaram um comando terrorista que tentava entrar em território israelita a partir do Líbano. Um 'drone' [aparelho voador não tripulado] atingiu este comando e matou vários terroristas", acrescentou, informação ainda por confirmar por fontes independentes.
Por seu lado, a Reuters, num comunicado divulgado na sexta-feira, manifestou "profunda tristeza" pela morte do seu repórter de imagem, garantindo que o grupo de jornalistas foi atingido por um míssil.
"Estamos profundamente tristes por saber que o nosso repórter de imagem, Issam Abdallah, foi assassinado", afirmou a Reuters, lembrando que o jornalista fazia parte de uma equipa da agência noticiosa no sul do Líbano.
"Israel matou deliberadamente o meu filho. Estavam todos a usar equipamento de jornalista e a palavra 'imprensa' estava visível. Israel não pode negar este crime", disse, por sua vez, a mãe, Fatima Kanso, à Reuters.
A fotógrafa da AFP Christina Assi estava na área com o colega repórter de imagem Dylan Collins e ficaram feridos no incidente, tendo ambos sido transportados para o hospital da Universidade Americana de Beirute para tratamento.
Dois outros jornalistas da Reuters, Thaer Al-Sudani e Maher Nazeh, também foram feridos e precisaram de tratamento médico, disse a agência noticiosa britânica.
O grupo de jornalistas envolvido no incidente encontrava-se perto da aldeia de Aalma ech-Chaab, junto à fronteira israelita, quando foi apanhado por um bombardeamento transfronteiriço, disse à AFP um dos dois jornalistas feridos.
A Al-Jazeera, do Qatar, afirmou que dois dos seus jornalistas, Carmen Joukhadar e Elie Brakhya, ficaram feridos, alegando que "o seu veículo foi atingido por um bombardeamento israelita".
Num comunicado, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou o "ataque direto a jornalistas pelo inimigo israelita" no âmbito da "agressão contínua contra o território libanês".
Em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, sublinhou que estes acontecimentos demonstram "o elevado risco de alastramento" da guerra entre o Hamas e Israel ao vizinho Líbano, enquanto o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, apelou a um inquérito para "determinar exatamente o que aconteceu".
A região fronteiriça tem sido palco de confrontos regulares desde há quase uma semana, mas até agora as operações têm-se mantido limitadas, tal como os bombardeamentos israelitas nos arredores das aldeias fronteiriças no sul do Líbano.
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