Segundo as autoridades policiais contactadas pela agência noticiosa espanhola EFE, cerca de 14 mil pessoas participaram na marcha, que se estendeu desde o portão da Medina de Rabat até ao Parlamento.
Os manifestantes carregavam bandeiras palestinianas de vários tamanhos, bem como fotografias a mostrar palestinianos mortos e feridos em Gaza, "kufiyas" (lenços palestinianos) e bandeiras de Marrocos e da Palestina.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a normalização das relações diplomáticas entre Marrocos e Israel, que envolveram também os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein.
Marrocos e Israel retomaram as relações diplomáticas em 2020 no âmbito dos Acordos de Abraão, patrocinados pelo então Presidente norte-americano, Donald Trump, para aproximar os países árabes do Estado israelita.
Em troca, a então administração dos Estados Unidos reconheceu a soberania marroquina sobre o território do Saara Ocidental, algo que o novo Presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu mudar, mas que, até hoje, não fez.
"O povo contra a normalização", "Não à normalização" ou "A normalização é uma traição" são algumas das palavras de ordem ouvidas na manifestação.
Também foram ouvidas frases de apoio à chamada operação "Tempestade Al Aqsa" levada a cabo contra Israel pelo grupo islamita Hamas, considerado terrorista pelos pela União Europeia (UEE) e pelos Estados Unidos, e ao povo palestino.
"O povo marroquino saúda a resistência do povo palestiniano", "Sacrificamos o nosso sangue por ti, Palestina", "Gaza, um símbolo de orgulho", "A Palestina não está à venda", "Parem o genocídio das crianças de Gaza" ou "Palestina Livre" foram algumas das frases mais ouvidas.
Na marcha, com pessoas vindas de outras partes do Marrocos, também foram observados cartazes em apoio à Palestina e escritas frases como "Uma terra pela qual você tem de matar não é sua, uma terra pela qual você tem de morrer é a Palestina".
Sob o lema "O povo marroquino apoia a tempestade de Al-Aqsa e contra a normalização", a marcha foi convocada pela Frente Marroquina de Apoio à Palestina e à Antinormalização e pelo Grupo de Ação Nacional Pró-Palestina, e apoiada por formações islâmicas, entre elas o Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD), hoje na oposição, mas que governou Marrocos durante uma década até 2021, e o movimento Justiça e Espiritualidade.
A 11 deste mês, numa reunião extraordinária da Liga Árabe, no Cairo, Nasser Burita, chefe da diplomacia de Marrocos, deixou críticas à retaliação israelita e apelou a que se "dê toda a proteção" aos civis encurralados na Faixa de Gaza.
"O facto de os civis serem visados em qualquer lugar é uma fonte de grande preocupação. Devemos sublinhar a importância de lhes dar toda a proteção, de acordo com os artigos do direito internacional", disse Burita durante a sessão de abertura da reunião, presidida por Marrocos.
O ministro marroquino qualificou como "catastrófica" a situação em Gaza e recordou a "deslocação maciça" de pessoas que fogem dos bombardeamentos israelitas incessantes no enclave, que está sujeito a "um bloqueio total", que inclui "o corte de água e a proibição de entrada de alimentos, medicamentos e combustível".
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, o "cerco" a Gaza está a acontecer "no meio da emergência de um discurso sistemático e horrível de erradicação que não augura nada de bom para o futuro próximo", lembrando que "a violência só conduz à contra violência".
"Os acontecimentos sangrentos e horríveis a que todos assistimos nos últimos dias e a violência sem precedentes e a tensão perigosa que os acompanharam são uma indicação de que estamos perante uma situação sem precedentes que pode levar o conflito a uma fase cujas características e repercussões no futuro da Faixa de Gaza serão sentidas por todos", advertiu.
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