Telavive condena "declarações imorais" de ministros espanhóis
Israel acusou hoje ministros espanhóis de fazerem "declarações imorais" sobre a situação no Médio Oriente e o Governo de Espanha rejeitou as críticas, que considerou "falsidades".
© Reuters
Mundo Espanha
"É profundamente preocupante" que "certos elementos dentro do Governo espanhol tenham optado por alinhar-se com o terrorismo" do grupo islamita Hamas, defendeu o Governo de Telavive, num comunicado em castelhano divulgado pela embaixada de Israel em Espanha.
Para Israel, "estas declarações não são só absolutamente imorais, põem também em perigo a segurança das comunidades judias em Espanha".
O Governo de Israel apelou ao primeiro-ministro de Espanha em funções, o socialista Pedro Sánchez, para "condenar inequivocamente estas vergonhosas declarações" de ministros, que o comunicado não especifica.
Espanha respondeu também com um comunicado, divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, em que "rejeita taxativamente as falsidades vertidas" no texto da Embaixada de Israel sobre alguns ministros.
"Qualquer responsável político pode expressar livremente posições como representantes de um partido político numa democracia plena como é Espanha", acrescentou o texto.
O comunicado reitera a posição do Governo espanhol "no seu conjunto" em relação aos "ataques terroristas do Hamas" iniciados em 07 de outubro: "Condenação taxativa, exigência de libertação imediata e incondicional de reféns e reconhecimento do direito de Israel a defender-se dentro dos limites marcados pelo Direito Internacional e o Direito Internacional Humanitário".
O mesmo texto sublinha ainda que o Governo espanhol "no seu conjunto tem expressado reiteradamente a necessidade de distinguir a população palestiniana do grupo terrorista Hamas, de proteger a população civil de Gaza e a necessidade imperiosa de manter os abastecimentos básicos indispensáveis para o bem-estar daquela população", numa referência à Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas e cercado e bloqueado por Israel na sequência do ataque de 07 de outubro.
"O Governo no seu conjunto reitera que a única solução viável para alcançar uma situação de paz e estabilidade na região é a solução de dois Estados [israelita e palestiniano] que coexistam, em paz e segurança, tal como tem sido avalizado pelas Nações Unidas", escreveu ainda o executivo espanhol.
Espanha tem um Governo formado por uma coligação do Partido Socialista (PSOE) e da plataforma de esquerda e extrema-esquerda Unidas Podemos.
No sábado, a ministra e líder do Podemos (que integra a Unidas Podemos), Ione Belarra, defendeu que o Governo de Madrid "perante a tentativa de genocídio do Estado de Israel em Gaza" deve pedir uma investigação ao Tribunal Penal Internacional.
Hoje, em resposta ao comunicado da embaixada de Israel, Ione Belarra escreveu na rede social X (antigo Twitter) que o Governo de Telavive "está a levar a cabo crimes de guerra na Faixa de Gaza, bombardeamentos massivos, cortes de água e luz e não deixa entrar ajuda humanitária", pelo que "denunciar esse genocídio" é "uma obrigação democrática".
Outro ministro da Unidas Podemos, Alberto Garzón, qualificou como "pura barbárie" os bombardeamentos de Israel sobre a Faixa de Gaza e a ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, criticou a resposta israelita ao ataque do Hamas.
Yolanda Díaz é também vice-presidente do Governo e lidera agora o Somar, a plataforma de partidos de esquerda e extrema-esquerda que sucedeu à Unidas Podemos e que neste momento negoceia uma nova coligação de governo com o PSOE, na sequência das eleições espanholas de 23 de julho.
O Somar disse hoje que colocou o reconhecimento urgente de um estado palestiniano por parte de Espanha nas negociações com os socialistas com vista à formação da nova coligação de Governo.
"Uma das primeiras medidas do próximo governo de coligação" deve ser "o reconhecimento do estado palestiniano por parte de Espanha", afirmou o dirigente do Somar, Ernest Urtasun.
Urtasun reiterou hoje a condenação, em nome do Somar, do ataque do grupo islamita Hamas contra a população civil israelita, a partir da Faixa de Gaza, em 07 de outubro, que considerou "um crime de guerra, que deve ser condenado".
"Mas isso não dá o direito a Israel de impor um castigo coletivo à Faixa de Gaza, cometendo crimes de guerra", acrescentou.
O Hamas controla a Faixa de Gaza (um território que tem fronteiras com Israel e o Egito) desde 2007 e é classificado como um grupo terrorista pela União Europeia (UE), Estados Unidos e Israel.
O conflito entre Israel e o Hamas já provocou milhares de mortos e feridos nos dois lados.
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