"Resolver as diferenças requer diplomatas no terreno. Instamos o governo indiano a não insistir numa redução da presença diplomática do Canadá e a cooperar com a investigação canadiana em curso", destacou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, em comunicado.
Na quinta-feira, o Canadá anunciou que a Índia levantou a imunidade de 41 dos 62 diplomatas canadianos naquele país.
A medida surge após acusações canadianas sobre um eventual envolvimento de Nova Deli na morte de um líder separatista sikh, Hardeep Singh Nijjar, em junho, nos subúrbios de Vancouver.
A Índia acusou o Canadá de abrigar separatistas e terroristas, mas rejeitou a acusação do seu envolvimento no assassinato e tomou medidas diplomáticas para expressar a sua insatisfação.
Durante anos, a Índia acusou Nijjar, um cidadão canadiano nascido na Índia, de ter ligações com o terrorismo, alegações que o líder sikh sempre negou.
"Esperamos que a Índia cumpra as suas obrigações ao abrigo da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, incluindo o respeito pelos privilégios e imunidades de que gozam os membros acreditados da missão diplomática do Canadá", frisou ainda Miller.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, acusou hoje a Índia de está a violar a lei internacional ao retirar de forma unilateral a imunidade de 41 diplomatas canadianos.
"É uma violação da Convenção de Viena. Eles (Índia) decidiram violar um princípio fundamental da lei internacional e da diplomacia. É algo que deveria preocupar e muito todos os países do mundo", disse, em conferência de imprensa.
A ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, Mélanie Joly, realçou quinta-feira que 41 dos 62 diplomatas canadianos na Índia foram retirados, juntamente com os familiares, sublinhando que foram abertas exceções para 21 diplomatas canadianos que vão permanecer na Índia.
Joly apontou que a decisão da Índia terá impacto a nível de serviços aos cidadãos de ambos os países, detalhando que o Canadá está a interromper os serviços presenciais em Chandigarh, Mumbai e Bangalore.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia, Arindam Bagchi, já tinha pedido uma redução no número de diplomatas canadianos na Índia, sustentando que estes superavam o número de funcionários da Índia no Canadá.
A Índia também cancelou vistos para canadianos e o Canadá não retaliou essa decisão, tendo assegurado na quinta-feira que também não irá retaliar a retirada da imunidade.
Antes, a Índia tinha expulsado um diplomata canadiano sénior depois do Canadá ter expulsado um diplomata indiano sénior.
O Canadá acolhe a maior comunidade sikh do mundo fora da Índia, com 770 mil canadianos a declararem-se sikhs em 2021, o que representa 2% da população do país.
Nas décadas de 1970 e 1980 uma sangrenta rebelião no norte da Índia acabou esmagada pela repressão governamental, com um balanço de milhares de mortos, incluindo proeminentes líderes sikhs.
O movimento pelo Calistão perdeu progressivamente o seu poder político, mas ainda mantém apoiantes no estado indiano do Punjab e entre a diáspora sikh.
Embora a insurreição ativa tenha terminado há anos, o Governo indiano tem avisado repetidamente que os separatistas sikhs estão a tentar protagonizar um regresso.
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