"É importante que a UE se mantenha unida em torno do princípio de apoio à ajuda humanitária para a população de Gaza, proteção de inocentes em Gaza e, naturalmente, também a libertação de reféns [por parte do Hamas]. Por outro lado, neste Conselho, vamos também falar da Ucrânia porque é fundamental que esta guerra da Rússia contra a Ucrânia não seja esquecida devido aos acontecimentos no Médio Oriente", declarou João Gomes Cravinho.
Falando à chegada à reunião dos chefes da diplomacia da UE, no Luxemburgo, o ministro português da tutela assinalou: "Há também outras crises, como entre a Arménia e o Azerbaijão, que merecem a nossa atenção, mas sobretudo é preciso impedir que Putin seja um vencedor da crise em Gaza".
Questionado sobre o conflito entre Israel e o grupo islamita do Hamas, o responsável garantiu que a UE vai "fazer tudo o possível para que haja uma minimização do impacto sobre civis".
"É essa a mensagem central que queremos enviar para os israelitas e, depois, as questões de natureza técnica e militar terão de ser tratadas pelos militares", acrescentou.
Já falando sobre os esforços diplomáticos de alguns países, João Gomes Cravinho defendeu ser "fundamental que haja neste momento um diálogo intenso com todos, sobretudo com os países árabes, países da região, e [...] que se utilize esta terrível e trágica crise para criar uma dinâmica de paz, é isso que tem faltado ao longo dos últimos 15 anos".
"De repente, todos acordaram para o facto de haver problemas profundos por resolver na Palestina e na relação com Israel e, portanto, se alguma coisa positiva puder sair daqui, acho que é nosso dever criar condições para a seguir a esta crise imediata se olhe realmente para a solução de dois Estados", adiantou, nas declarações à entrada para a reunião.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se hoje no Luxemburgo para fazer uma avaliação do apoio prestado à Ucrânia e discutir diversos desafios do atual panorama geopolítico, com a tensão no Médio Oriente também em agenda.
Os 27 abordarão o apoio político, económico-financeiro e militar prestado à Ucrânia até hoje, estando também previsto um ponto de situação sobre as sanções à Rússia, mas a situação no Médio Oriente, com intensos bombardeamentos nas últimas horas, deverá dominar a agenda.
O encontro dos chefes da diplomacia da UE antecede a reunião do Conselho Europeu, marcada para final da semana em Bruxelas.
A reunião acontece depois de, em 07 de outubro, o grupo islamita do Hamas ter lançado um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.
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