"Houve muitas, mas penso que esta [Avdivka] é uma das mais importantes. Na minha opinião, é a última tentativa da Rússia de tomar a iniciativa na frente", disse Mikhailo Podoliak, conselheiro da do Gabinete do Presidente da Ucrânia, à agência UNIAN.
A "defesa ativa", tal como definida pelo Presidente russo Vladimir Putin, transformou-se numa ofensiva geral em Avdivka, que até ao momento não conseguiu superar as fortificações construídas pelos ucranianos nos últimos oito anos.
A chegada do outono, acompanhada de chuva e humidade, dificulta o avanço das brigadas motorizadas, o que facilita o trabalho defensivo dos ucranianos em Donetsk, por isso o tempo está contra os russos.
Embora nos primeiros ataques tenha sofrido "grandes perdas" em soldados e equipamentos, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW na sigla em inglês), com sede em Washington, indica hoje no seu relatório diário que Moscovo continua a enviar reforços para a zona.
"Os combates em Avdivka são extremamente difíceis. O número de vítimas do lado russo excede tudo o que se possa imaginar, assim como a quantidade de armas que estão a ser destruídas", observou Podoliak.
O chefe da administração militar ucraniana na área, Vitali Barabash, destacou que "os russos estão a mobilizar grandes forças de infantaria e blindados".
"As perdas são brutais, mas isso não os impede. O assalto continua. Avançam como loucos, caem às dezenas e depois de um tempo voltam. São muitos", comentou.
Segundo o Wall Street Journal, os russos estão a cavar túneis de quase 100 metros de comprimento para evitar que sejam detetados.
No entanto, 'bloggers' militares russos admitem que os campos minados ucranianos são atualmente impenetráveis para as unidades russas.
O Estado-Maior Ucraniano admite por seu lado que "o inimigo continua a tentar cercar Avdivka, mas os defensores ucranianos continuam a mantê-los afastados e a infligir pesadas baixas ao inimigo".
A artilharia e os 'drones' russos bombardeiam intensamente "dia e noite" a única estrada que liga Avdivka ao resto do território controlado por Kyiv, explicou hoje Barabash numa entrevista ao serviço de língua ucraniana da Rádio Liberdade.
"É claro que o inimigo está a tentar interrompê-la. "A logística é um grande problema", reconheceu, explicando que mais de vinte quilómetros de estrada estão constantemente "sob fogo russo".
Esta situação, acrescentou, "complica enormemente as evacuações e a prestação de ajuda humanitária".
Até hoje, de acordo com Kyiv, existem 1.601 habitantes em Avdivka dos mais de 31.000 que residiam naquela cidade em fevereiro de 2022.
No seu discurso à nação, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, elogiou "a defesa exemplar" em Avdivka, Marinka e outros locais da frente, mas apelou para a continuação de progressos.
"Todos os dias precisamos de resultados para a Ucrânia, para resistir aos assaltos russos, eliminar os ocupantes e avançar. Seja um quilómetro ou 500 metros, mas avançar todos os dias, para melhorar as posições ucranianas", declarou.
Zelensky insistiu que esta tática "motiva o mundo inteiro" a ajudar a Ucrânia.
Na mesma linha, Podoliak afirmou que Moscovo tenta "amarrar" as reservas ucranianas com combates importantes para que Kyiv "pare a ofensiva noutras direções", mas "é uma estratégia tática que não funciona".
O conselheiro ressaltou que Moscovo está ciente de que, com a chegada dos mísseis de longo alcance ATACMS e o fornecimento de caças modernos pelo Ocidente, "não terá outra oportunidade de retomar a iniciativa".
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