"São Tomé e Príncipe continua a condenar o acesso ao poder pela violência, pela força. Isso não mudou. Mas as relações entre o Gabão e São Tomé e Príncipe são relações Estado -- Estado" disse Carlos Vila Nova quando questionado pela Lusa sobre o significado da receção hoje do Presidente de transição do Gabão, General Brice Oligui Nguema.
"O Presidente de transição, o Presidente Oligui Nguema, que é chefe do Estado do Gabão, portanto veio nos dar conta do que é a situação reinante no Gabão - explicar detalhes que nós não tínhamos, mas não é uma questão pessoal do general Brice Oligui. É a República gabonesa e a República Democrática de São Tomé e Príncipe", acrescentou Vila Nova.
O chefe de Estado são-tomense falava no aeroporto de São Tomé antes de viajar para República do Congo onde vai participar numa cimeira sobre a bacia do Congo.
Angola, Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Tchad, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Ruanda, São Tomé e Príncipe e República Democrática do Congo integram a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), organização que suspenso
"O Gabão neste momento encontra-se suspenso, há toda uma vontade das novas autoridades gabonesas de reintegrar e querem contar com o apoio de São Tomé e Príncipe a semelhança do que já fizeram com quase todos os países membros da CEEAC", referiu Vila Nova.
Questionado sobre se São Tomé e Príncipe vai apoiar a reintegração do Gabão na CEEAC, o chefe de Estado são-tomense disse que não sabe, mas vai analisar o pedido ao nível do Estado.
"Nós veremos internamento primeiro ao nível do Estado são-tomense, que tem a sua estrutura, e tomaremos a nossa decisão [...] não nos interessa ver um membro de fora. Só que essa reintegração tem que obedecer as regras próprias em democracia", disse Carlos Vila Nova.
O chefe de Estado são-tomense sublinhou que o Gabão tinha eleições regulares, com o Presidente e as estruturas governativas eleitas e defendeu que "é preciso retomar este processo".
O Presidente de transição do Gabão disse hoje, em São Tomé, que o país vive uma nova era após o "golpe de liberdade" que depôs o antigo presidente, tendo apelado ao apoio das autoridades são-tomenses junto aos Estados africanos.
"O que alguns chamam de golpe de Estado, chamamos-lhe nós, no Gabão, golpe de liberdade. Foi a vontade do povo que se expressou, após eleições não democráticas, e o exército fez a escolha de seguir o seu povo", disse o General Brice Oligui Nguema, após um encontro com o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova.
"Foi interessante para nós não enganar e matar gaboneses e escolhermos desta vez este caminho da liberdade", acrescentou o proclamado Presidente de transição do Gabão.
Os militares tomaram o poder no Gabão em 30 de agosto, minutos depois de as autoridades eleitorais terem anunciado a vitória do Presidente Ali Bongo nas disputadas eleições de 26 de agosto.
Sem as habituais honras militares de chefes de Estado, o Presidente de transição foi recebido à porta do Palácio Presidencial são-tomense pelo chefe de Estado Carlos Vila Nova, tendo em seguida um encontro bilateral à porta fechada.
"Nesta visita de amizade, estamos aqui a trocar com o Presidente [Carlos Vila Nova] para que São Tomé e Príncipe nos acompanhe neste processo, para apaziguar as sanções. Que entendam que o que aconteceu no Gabão, é algo novo para nós, para o Gabão e para os gaboneses", disse Oligui Nguema, quando falava ladeado pelo chefe de Estado são-tomense nas escadarias do Palácio presidencial.
Durante as declarações, sem direito à perguntas, Oligui Nguema pediu o apoio de São Tomé e Príncipe no processo de transição em curso no país.
"Contamos com o presidente de São Tomé e Príncipe, com a sua sabedoria para discutir com os nossos homólogos africanos para, juntos, podermos encontrar soluções para o caso do Gabão", concluiu.
Além da situação no Gabão, Oligui Nguema disse ter abordado com o Presidente são-tomense a cooperação entre os dois países, sublinhando 16 acordos de cooperação rubricados entre os dois Estados.
Após encontro com o Presidente são-tomense, Oligui Nguema reuniu-se com o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.
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