Teia de túneis do Hamas em Gaza aumenta riscos de ofensiva terrestre

Um extenso labirinto de túneis construído pelo grupo islamita Hamas estende-se na densamente povoada Faixa de Gaza, escondendo milícias, o seu arsenal e mais de 200 reféns capturados em Israel no ataque de 7 de outubro, segundo a Associated Press (AP).

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© Dan Kitwood/Getty Images

Lusa
28/10/2023 20:48 ‧ 28/10/2023 por Lusa

Mundo

Israel

Desobstruir e colapsar os túneis será crucial para Israel desmantelar o Hamas, segundo a AP, mas lutar em áreas urbanas densamente povoadas e movimentar-se debaixo da terra poderá retirar às forças israelitas algumas das vantagens tecnológicas, dando ímpeto ao Hamas tanto à superfície como debaixo dela.

"Normalmente digo que é como andar pela rua à espera de levar um murro na cara", disse à AP John Spencer, um major reformado do exército dos Estados Unidos, coordenador de Estudos de Guerrilha Urbana no Instituto da Guerra Moderna, em West Point.

Os defensores urbanos "tiveram tempo para pensar sobre onde vão estar e há milhões de localizações escondidas onde vão poder estar. Eles escolhem o tempo da sua participação: não podem ser vistos mas eles veem", explicou o especialista.

Na madrugada de hoje, as forças militares israelitas disseram que os seus aviões atingiram 150 alvos do Hamas debaixo da terra no norte de Gaza, descrevendo-os como túneis, espaços de combate e outras infraestruturas.

Os golpes, que aparentaram ser o bombardeamento mais significativo de túneis até agora, aconteceram no momento em que Israel acelerou as suas operações no terreno em Gaza.

A grande expansão de túneis em Gaza remonta ao bloqueio imposto a Gaza por Israel e pelo Egito quando o Hamas tomou o poder na região em 2007 e, apesar do Egito ter fechado a maioria dos túneis transfronteiriços, acredita-se que o Hamas tem uma rede massiva de túneis - conhecida como "metro" - para transportar armas, abastecimentos e militantes fora do alcance dos drones israelitas.

O líder político do Hamas, Yehiyeh Sinwar, disse em 2021 que o grupo tinha cerca de 500 quilómetros de túneis na Faixa de Gaza, uma região com apenas 360 quilómetros quadrados.

O antigo soldado israelita Ariel Bernstein descreveu o combate urbano no norte de Gaza como uma mistura de "emboscadas, armadilhas, esconderijos e atiradores furtivos".

O soldado recordou os túneis como tendo um efeito desorientador e surreal, criando pontos cegos e ângulos mortos à medida que militantes do Hamas apareciam do nada para atacar.

"Foi como se estivesse a combater fantasmas", acrescentou à AP, dissendo que "não se vê" o inimigo.

O ministro da Defesa de Israel disse hoje que "o solo tremeu em Gaza" e que a guerra contra os líderes do enclave palestiniano, o grupo islamita Hamas, entrou numa nova etapa.

"Passamos para a próxima etapa da guerra", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, em declarações hoje divulgadas pelos meios de comunicação israelitas.

"Na noite passada [sexta-feira], o solo tremeu em Gaza. Atacamos acima do solo e no subsolo. (...) As instruções para as forças são claras. A campanha continuará até novo aviso."

As suas declarações marcam a aceleração gradual rumo a uma possível ofensiva terrestre total no norte de Gaza.

O grupo islamita palestiniano Hamas atacou Israel no dia 7 de outubro, provocando a morte de mais de 1.400 pessoas, além de 220 sequestradas. Israel respondeu com bombardeamentos e incursões terrestres na Faixa de Gaza, que é controlada pelo Hamas desde 2007.

Desde o início do conflito, foram contabilizados mais de 7.300 mortos e cerca de 19.000 feridos na Faixa de Gaza, a grande maioria civis, dos quais mais de 3.000 são crianças.

Leia Também: "Guerra na Faixa de Gaza será longa e difícil. Estamos prontos para ela"

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