Entre os feridos no aeroporto de Makhachkal contam-se nove polícias, dois dos quais foram hospitalizados, segundo o departamento do Ministério do Interior para o distrito federal do Cáucaso do Norte, que acrescentou terem sido identificados mais de 150 participantes nos tumultos.
Centenas de pessoas tomaram conta do aeroporto e da pista de aterragem após apelos na plataforma de mensagens Telegram para se dirigirem ao aeroporto antes da chegada dos voos provenientes de Israel e para revistarem os aviões e os automóveis à procura de israelitas e judeus, num protesto contra o conflito entre Israel e o braço armado do movimento islamita Hamas.
De acordo com os meios de comunicação social russos, como o Echo of Dagestan, a multidão gritou palavras de ordem antissemitas e "Allahu Akbar" (Alá é grande). Também se ouviram tiros.
Algumas das pessoas correram para a pista e tentaram entrar num avião que tinha chegado de Telavive, de acordo com vídeos publicados nas redes sociais.
As forças de segurança conseguiram evacuar o aeroporto após várias horas de agitação.
"Os médicos estão a tratar dez vítimas do incidente no aeroporto de Makhachkala em hospitais", informou o Ministério da Saúde do Daguestão, segundo a agência de notícias TASS. Duas delas estão em estado crítico e outras dez sofreram ferimentos ligeiros.
A Agência Federal de Transportes Aéreos ordenou inicialmente o encerramento do aeroporto até 06 de novembro, mas mais tarde disse que a medida só se aplicaria até esta terça-feira.
O governador da república, Sergey Melikov, escreveu no Telegram que "as ações daqueles que se reuniram no aeroporto de Makhachkala são uma violação grosseira da lei".
Toda a população se identifica com o "sofrimento das vítimas das ações injustas de pessoas e políticos e rezam pela paz na Palestina, mas o que aconteceu no aeroporto é ultrajante e deve ser devidamente avaliado pelas autoridades policiais!", afirmou.
Por sua vez, a comissária russa para os Direitos Humanos, Tatiana Moskalkova, afirmou que "os acontecimentos no aeroporto têm claramente por objetivo incitar ao ódio étnico e podem conduzir a graves violações dos direitos humanos".
"O objetivo é desestabilizar a paz civil na Rússia. Nestes tempos difíceis, exorto os cidadãos do Daguestão a não sucumbirem às provocações e a seguirem rigorosamente a lei e os apelos das autoridades", sublinhou.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, condenou igualmente os tumultos e atribuiu as ações dos manifestantes ao "antissemitismo e ao ódio russo contra outras nações", que disse ser "sistemático" e "profundamente enraizado".
O chefe de Estado ucraniano também associou os acontecimentos aos "comentários antissemitas" que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e o próprio Presidente, Vladimir Putin, terão feito nos últimos meses.
Os Estados Unidos já tinham tornado pública a sua posição sobre os acontecimentos: "Os Estados Unidos condenam veementemente as manifestações antissemitas no Daguestão, Rússia", escreveu a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, na rede social X (antigo Twitter), no domingo.
"Os Estados Unidos estão inequivocamente ao lado de toda a comunidade judaica, enquanto assistimos a um aumento global do antissemitismo", acrescentou.
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