Centenas de pessoas invadiram no domingo o aeroporto principal da república de maioria muçulmana após apelos na rede Telegram para procurarem passageiros judeus de um voo de Israel, num protesto contra a guerra na Faixa de Gaza.
"Os acontecimentos de ontem [domingo] em torno do aeroporto de Makhachkala são, em grande medida, o resultado de interferências externas, incluindo a influência da informação", disse o porta-voz do Kremlin.
Dmitri Peskov anunciou que o Presidente Vladimir Putin convocou uma reunião para hoje à noite para "discutir as tentativas ocidentais de utilizar os acontecimentos no Médio Oriente para dividir a sociedade russa".
Peskov não especificou a origem da suposta interferência, mas o líder do Daguestão, Sergei Melikov, disse que os distúrbios foram organizados a partir da Ucrânia, sem fornecer qualquer prova.
"Recebemos hoje informações absolutamente fiáveis de que o canal 'Dagestan Mornings' é gerido e regulado a partir do território da Ucrânia", afirmou Melikov, citado pela agência espanhola EFE.
As autoridades do Daguestão disseram que mais de duas dezenas de pessoas ficaram feridas durante uma intervenção das forças de segurança no aeroporto, que foi encerrado, e que 60 pessoas foram detidas.
Nove dos feridos são agentes da polícia e dois deles foram hospitalizados, segundo o departamento do Ministério do Interior para o distrito federal do Cáucaso do Norte.
A agência de aviação russa anunciou hoje que o aeroporto de Makhachkala "está de novo totalmente operacional", depois de ter sido encerrado no domingo devido aos incidentes.
Melikov disse sentir-se envergonhado pelos distúrbios e sugeriu que os participantes lavassem a honra "juntando-se a um batalhão de voluntários ou assinando um contrato com o exército" para combater na Ucrânia.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, desencadeando uma guerra que provocou milhares de vítimas em 20 meses de combates.
A multidão que tomou o aeroporto da capital do Daguestão, exibindo bandeiras palestinianas, gritou palavras de ordem antissemitas e "Allahu Akbar" (Alá é grande), segundo meios de comunicação social russos, como o Echo of Dagestan.
Milhares de pessoas têm protestado nos últimos dias em vários países, incluindo na Europa e nos Estados Unidos, contra os bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza.
O grupo islamita Hamas disse que os ataques israelitas mataram mais de oito mil pessoas na Faixa de Gaza desde o início da guerra.
O atual conflito seguiu-se a uma incursão sem precedentes do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro que provocou mais de 1.400 mortos, segundo as autoridades israelitas.
O Hamas também raptou mais de duas centenas de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns na Faixa de Gaza, um território com 2,3 milhões de habitantes que o grupo islamita controla desde 2007.
Leia Também: Pelo menos 60 detenções e 20 feridos em invasão de aeroporto na Rússia