Numa audiência interrompida várias vezes por manifestantes que pediam um cessar-fogo em Gaza, Blinken defendeu a aprovação de um pacote económico único para a Ucrânia e Israel, para não sinalizar que os Estados Unidos estão a tentar conter os problemas de forma aleatória e sem uma solução completa.
"Desde que cortámos os meios tradicionais de fornecimento militar à Rússia, ela tem recorrido cada vez mais ao Irão em busca de apoio. Em troca, Moscovo tem fornecido a Teerão tecnologia militar cada vez mais avançada, o que constitui uma ameaça para a segurança israelita", explicou o secretário de Estado.
Assim, Blinken tem insistido em não "cortar" este plano de ajuda militar "enquanto [Rússia e Irão] cooperam cada vez mais e representam uma ameaça crescente à segurança e à dos parceiros aliados" norte-americanos.
A ausência de apoio a Israel e Ucrânia seria um "encorajamento" para Rússia e Irão, numa altura em que ambos os países se apoiam mutuamente para evitar as sanções internacionais impostas, adiantou.
Em relação à situação na Faixa de Gaza, o secretário de Estado norte-americano garantiu que, juntamente com o Presidente Joe Biden, tem insistido para que o Governo de Israel atue de acordo com "as leis da guerra e em conformidade com o direito humanitário internacional" e "tome todas as medidas possíveis para evitar a morte de civis".
Da mesma forma, garantiu ainda que estes fundos adicionais permitirão "responder às graves necessidades humanitárias criadas por autocratas e terroristas", beneficiando Israel, uma vez que irá "encontrar parceiros em Gaza" com uma "visão do futuro diferente da do Hamas".
"Alimentos, água, medicamentos e outro tipo de assistência humanitária essencial para os civis devem chegar a Gaza. Os civis devem ficar fora de perigo, uma tarefa cada vez mais difícil quando o Hamas os utiliza como escudos humanos", afirmou Blinken.
Para a distribuição desta ajuda, o secretário de Estado realça a importância de estabelecer "pausas humanitárias" e não de um cessar-fogo, como foi solicitado pelas Nações Unidas.
O grupo islamita do Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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