Media soube previamente de ataques do Hamas? Israel quer esclarecimentos

Uma ONG acusou a AP, a Reuters, a CNN e o New York Times de terem tido conhecimento prévio dos ataques do Hamas, a 7 de outubro. O gabinete do primeiro-ministro israelita já pediu esclarecimentos.

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© ABIR SULTAN/POOL/AFP via Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues
09/11/2023 15:13 ‧ 09/11/2023 por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Israel/Palestina

A organização não-governamental HonestReporting, que monitoriza a forma como a comunicação social cobre os eventos em Israel, acusou as agências de notícias The Associated (AP) e Reuters, a estação CNN e o jornal New York Times de terem tido conhecimento prévio dos ataques do grupo islamita Hamas, a 7 de outubro. Face à acusação, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, já pediu explicações.

"No dia 7 de outubro, os terroristas do Hamas não foram os únicos a documentar os crimes de guerra que cometeram durante a sua violência mortal no sul de Israel. Algumas das suas atrocidades foram captadas por fotojornalistas baseados em Gaza que trabalham para as agências de notícias Associated Press e Reuters, cuja presença matinal na zona fronteiriça violada levanta sérias questões éticas", lê-se no site da organização.

Apesar de reconhecer que "as agências de notícias podem alegar que estas pessoas estavam apenas a fazer o seu trabalho", a HonestReporting questionou o facto de jornalistas terem aparecido na fronteira junto à Faixa de Gaza "sem coordenação prévia com os terroristas".

"O que é que eles lá estavam a fazer tão cedo, no que normalmente teria sido uma manhã tranquila de sábado?", questionou, perguntando ainda se os fotojornalistas que "trabalham como freelancers para outros meios de comunicação - como a CNN e o The New York Times - notificaram esses meios de comunicação" sobre a sua presença no local.

Na manhã desta quinta-feira, o gabinete do primeiro-ministro de Israel afirmou que a Direção Nacional de Diplomacia Pública do país "vê com a maior gravidade" as notícias de que "os fotojornalistas que trabalham com os meios de comunicação internacionais se juntaram na cobertura dos atos brutais" do grupo Hamas. 

Numa nota, publicada na rede social X, o gabinete acusa os jornalistas de terem sido "cúmplices de crimes contra a humanidade" e de as suas ações serem "contrárias à ética profissional".

"Durante a noite, o gabinete do primeiro-ministro emitiu uma carta urgente aos chefes dos órgãos de comunicação social que contrataram estes fotógrafos e pediu esclarecimentos sobre o assunto. A Direção Nacional de Diplomacia Pública exige que sejam tomadas medidas imediatas", lê-se.

Após a divulgação do artigo da Honest Reporting, a AP e a Reuters recusaram ter tido conhecimento prévio dos ataques. A AP defendeu que o seu "papel" é "recolher informações sobre notícias de última hora em todo o mundo, onde quer que aconteçam, mesmo quando esses eventos são horríveis e causam vítimas em massa", usando "imagens tiradas por freelancers de todo o mundo, inclusive em Gaza".

Por seu lado, a Reuters negou "categoricamente" que tenha tido conhecimento do ataque e explicou que adquiriu "fotografias de dois fotógrafos freelance baseados em Gaza que estavam na fronteira na manhã de 7 de outubro, com quem não tinha um relacionamento anterior". 

"As fotografias publicadas pela Reuters foram tiradas duas horas depois de o Hamas ter disparado contra o sul de Israel e mais de 45 minutos depois de Israel afirmar que homens armados cruzaram a fronteira", acrescentou.

Já a CNN decidiu suspender o contrato com um dos fotógrafos, apesar de não encontrar "nenhuma razão para duvidar da precisão jornalística do trabalho que ele fez por nós".

Leia Também: África do Sul considera processar sul-africanos envolvidos na guerra

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