Um porta-voz do ministério da Saúde palestiniano disse, este sábado, que terá morrido um bebé no hospital Al Shifa, na Faixa de Gaza, na sequência de uma suspensão nas operações devido à falta de combustível na unidade.
"Um recém-nascido morreu dentro da incubadora, onde há 45 bebés”, disse à Reuters, por sua vez, Ashraf Al-Qidra, porta-voz do ministério da Saúde em Gaza controlada pelo Hamas.
Este 'corte' nas operações ocorreu ainda devido à falta de recursos como eletricidade, água, alimentos e medicação.
Por telefone, Qidra relatou: "A situação é pior do que se pode imaginar. Estamos cercados dentro do Complexo Médico Al Shifa e a ocupação teve como alvo a maioria dos edifícios no seu interior."
O diretor-geral dos hospitais de Gaza, Mohamad Zakut, alertou, em declarações aos jornalistas, que a unidade de cuidados intensivos pediátricos, onde se encontram 39 recém-nascidos, deixou de funcionar.
Anteriormente, o médico Munir al-Borsh, citado pelo ministério, comunicou a morte do primeiro recém-nascido prematuro sob cuidados na unidade neonatal.
"Morreu devido ao corte total de eletricidade. O pessoal médico tem estado a fazer respiração artificial manual a alguns deles durante três horas consecutivas", salientou o médico.
Segundo o Ministério da Saúde, que é controlado pelo grupo islamita Hamas, os franco-atiradores israelitas instalados nos edifícios que rodeiam o complexo estão a disparar contra quem tenta sair ou deslocar-se entre os edifícios do complexo.
O diretor-geral dos hospitais de Gaza adiantou que "as portas do hospital continuam abertas", mas não podem prestar assistência médica aos doentes.
Mohamad Zakut afirmou, por seu turno, que, devido à falta de telecomunicações, os médicos não conseguem comunicar entre hospitais.
"Apelamos à comunidade internacional para que ponha fim a estes crimes de guerra. A situação é muito crítica", disse o diretor-geral do centro, avisando que, se nada for feito, os doentes internados nos cuidados intensivos vão morrer.
Horas antes, a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) tinha alertado que os ataques israelitas ao hospital Al Shifa, o maior de Gaza, se intensificaram durante a noite de uma forma "dramática".
O Ministério da Saúde já tinha comunicado na sexta-feira um corte total de energia no Hospital Indonésio e tanto as autoridades médicas de Gaza como as organizações internacionais denunciaram o encerramento de numerosos hospitais e centros médicos no norte de Gaza devido à ofensiva militar israelita.
A intensificação da ofensiva israelita coincide com a realização na Arábia Saudita de uma cimeira extraordinária de países árabes e islâmicos para chegar a uma "posição coletiva unificada" sobre a guerra na Faixa de Gaza e as suas repercussões "sem precedentes", numa encontro que contará com a presença dos chefes de Estado da região.
Na sexta-feira, as tropas israelitas começaram a cercar o hospital Al-Shifa e vários outros centros hospitalares importantes em Gaza.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que é dirigido pelo braço armado do Hamas, disse na sexta-feira que pelo menos 20 pessoas foram mortas num ataque israelita a Al-Shifa.
Mais de 11 mil pessoas foram mortas e quase 27.500 ficaram feridas na Faixa de Gaza na guerra que eclodiu em 07 de outubro, na sequência de um ataque do Hamas contra Israel, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 240 sequestradas.
[Notícia atualizada às 11h26]
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