De acordo com a ONU, os quatro grandes hospitais de Gaza, localizados no norte do território, foram completamente cercados pelo exército israelita, com as organizações humanitárias a afirmarem estar "horrorizadas" com os bombardeamentos e outros ataques incessantes contra estas infraestruturas.
"Pacientes, que incluem bebés, e civis que procuram ajuda estão sob ataque e não têm para onde ir. É uma afronta travar uma guerra à volta e contra os hospitais", denunciou a organização humanitária Conselho Norueguês para os Refugiados.
Por sua vez, a ONG israelita Médicos pelos Direitos Humanos informou que hoje dois bebés prematuros tinham morrido, após o encerramento forçado dos cuidados intensivos neonatais devido à falta de eletricidade no hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza.
Entretanto, o exército israelita garantiu também hoje que "é mentira" que haja um cerco das suas tropas ao hospital Al-Shifa, mas que está a haver combates com membros do Hamas nas zonas próximas da infraestrutura.
"Nas últimas horas ouvi nas notícias que há um cerco ao hospital Al-Shifa. Quero dizer claramente: isto é mentira", afirmou, numa declaração em vídeo, o coronel Moshe Tetro, chefe da Administração Civil em Gaza, um órgão militar responsável pela gestão de assuntos civis em território palestiniano ocupado.
O responsável acrescentou que existem confrontos "entre militares do exército e agentes terroristas do Hamas nos arredores do hospital", mas "não há disparos contra o hospital ou cerco".
"O lado Este do hospital permanece aberto" e "inclusivamente agora, quem queira pode sair", referiu Moshe Tetro.
O Crescente Vermelho de Gaza garantiu hoje que tanques israelitas cercam o hospital Al-Quds, "com bombardeamentos de artilharia e tiroteios intensos" na área do centro médico, onde estão milhares de civis deslocados.
"O Crescente Vermelho palestiniano apela à comunidade internacional e às instituições humanitárias para que intervenham imediata e urgentemente para proteger as suas equipas que trabalham no hospital Al-Quds, cerca de 500 pacientes e 14.000 pessoas deslocadas, a maioria mulheres e crianças", disse um porta-voz da organização através da rede social X (antigo Twitter).
A ofensiva militar israelita contra Gaza provocou em 35 dias mais de 11.000 mortos e cerca de 25.000 feridos, segundo dados das Nações Unidas.
Os hospitais cercados praticamente já não podem atender os feridos. O mais importante - Al-Shifa - ficou sem eletricidade depois de se ter esgotado o combustível que fazia funcionar o geradores, enquanto outros dois centros médicos de referência, incluindo o de crianças, também deixaram de funcionar depois de sofrer danos graves.
Israel indicou que os civis no norte de Gaza - que se somam em cerca de 300.000 - podem sair desse setor durante as pausas diárias de bombardeamentos.
O Gabinete de Coordenação da Ajuda Humanitária da ONU indicou que, devido a esta promessa, esta sexta-feira cerca de 30.000 pessoas deixaram Wadi Gaza (uma zona no norte) através de um corredor aberto pelo exército, mas que à tarde ocorreram várias explosões naquela estrada que causaram mortes e feridos.
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