Erdogan salientou que irá trabalhar para manter as questões relacionadas com o arsenal nuclear israelita na agenda internacional, depois de um ministro israelita ter dito que um ataque nuclear a Gaza era uma "possibilidade".
"Israel admite e confessa abertamente que possui armas nucleares, mas nem o Conselho de Segurança das Nações Unidas nem a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) abrem uma investigação", defendeu, segundo o jornal diário turco 'Hurriyet'.
"Aqueles que não se pronunciam hoje contra Israel não podem criticar outros países no futuro", disse, acrescentando que não se surpreende com o apoio "às mentiras de Israel por parte daqueles que ocuparam o Iraque sob o pretexto da existência de armas nucleares e químicas", referindo-se aos Estados Unidos.
Na sequência das declarações do ministro do património israelita, Amihai Eliyahu, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, demarcou-se destas palavras e anunciou a sua suspensão "por tempo indeterminado" das próximas reuniões ministeriais. Amihai Eliyahu permanece, para já, em funções, perante as condenações de vários países da região.
As autoridades israelitas, um dos principais opositores ao restabelecimento do acordo nuclear assinado em 2015 pelo Irão, mantêm uma política de "ambiguidade nuclear" e não confirmaram ou desmentiram oficialmente possuir estas armas, embora se considere que Israel teria dezenas ou centenas destas armas após a revelação do seu programa por um antigo técnico nuclear nos anos 1980.
O Presidente turco denunciou também a "brutalidade total" do exército israelita na sua ofensiva contra a Faixa de Gaza, afirmando que "é uma barbaridade equivalente à que foi vivida durante a ocupação nas Cruzadas, há mil anos, e na Segunda Guerra Mundial, há 80 anos".
Erdogan, que reiterou as suas acusações contra Israel por "terrorismo de Estado" em Gaza, sublinhou que Netanyahu está a tentar recuperar a sua popularidade no país "bombardeando locais de culto, escolas e hospitais".
"Os hospitais, em particular, tornaram-se um símbolo da brutalidade de Israel. Quase todos os hospitais que operam em Gaza foram destruídos, danificados ou tornados inutilizáveis", afirmou.
Israel lançou a sua ofensiva na Faixa de Gaza na sequência dos ataques do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) em 07 de outubro, que fizeram cerca de 1200 mortos e 240 sequestrados.
As autoridades de Gaza, que são controladas desde 2007 pelo Hamas, registaram mais de 13.300 mortos em ataques israelitas, enquanto mais de 200 palestinianos foram mortos pelas forças de segurança israelitas ou em ataques de colonos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental desde o dia 07 de outubro.
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