"Nos últimos dois meses, assistimos a uma queda de aproximadamente 80-90% nas saídas da Tunísia", país com o qual a UE assinou em julho uma parceria que inclui uma componente migratória, salientou Ylva Johansson numa conferência.
A sueca referiu que "infelizmente, tem-se registado um aumento nas partidas da Líbia", outro país do norte de África.
Estes dois países são os principais pontos de partida dos migrantes para Itália, que regista um aumento acentuado nas chegadas às suas costas, noticiou a agência France-Presse (AFP).
Ylva Johansson falava por ocasião da realização em Bruxelas de uma "conferência internacional sobre uma aliança global contra o contrabando de migrantes", que reuniu representantes de 57 países.
A comissária europeia apresentou também uma diretiva revista, destinada a reforçar a luta contra este tráfico, bem como um regulamento para reforçar o papel da Europol nesta área.
A Tunísia não esteve presente a nível ministerial na conferência, revelou Johansson, que garantiu, no entanto, que a UE mantém "uma boa cooperação" com este país, em resposta a uma pergunta sobre a difícil implementação do memorando de entendimento assinado em julho e as tensões em torno dos fundos europeus pagos a Tunes.
A comissária especificou que a queda nas saídas da costa tunisina se deveu à ação reforçada da guarda costeira deste país.
"Também vimos um aumento significativo no regresso voluntário de nacionais de países terceiros da Tunísia para os seus países de origem", outro compromisso no âmbito do memorando de entendimento, observou ainda a responsável.
"Claro que ainda há muitas coisas a fazer, a nossa cooperação com a Tunísia é mais ampla do que apenas a questão da migração. E incluindo no domínio da migração, é preciso fazer mais", acrescentou.
A parceria assinada com Tunes, que visa, entre outras coisas, reduzir as chegadas à UE de migrantes provenientes da Tunísia, prevê uma ajuda de 105 milhões de euros para combater a imigração irregular, bem como uma ajuda orçamental direta de 150 milhões de euros a este país, que enfrenta graves dificuldades económicas.
Mas o Presidente tunisino Kais Saied declarou em outubro que rejeitava a caridade da UE e devolveu, numa medida sem precedentes, a ajuda orçamental de 60 milhões de euros que lhe tinha sido paga por Bruxelas, como parte de um programa separado do memorando de entendimento.
Esta parceria UE-Tunísia é também alvo de críticas de organizações não-governamentais (ONG) e de parlamentares europeus, associadas em particular às preocupações com os ataques aos direitos dos migrantes neste país.
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