O primeiro-ministro israelita terá deixado bem claro ao presidente dos Estados Unidos que Israel não irá parar de levar a guerra à Faixa de Gaza, prometendo continuar a lutar e afastando a possibilidade de um cessar fogo permanente, numa conversa telefónica confirmada pelo site Axios.
Benjamim Netanyahu e o seu governo israelita têm defendido a continuidade das hostilidades contra o Hamas, apesar do cessar-fogo acordado ter permitido a entrada de mais ajuda humanitária e a libertação de reféns israelitas, bem como de dezenas de crianças e mulheres palestinianas que estavam presas em prisões israelitas.
Joe Biden, por outro lado, terá dito ao líder israelita que a forma como o seu exército tem dizimado o norte da Faixa de Gaza, cercando hospitais, destruindo zonas residenciais e matando milhares de pessoas, não pode ter continuidade no sul do enclave palestiniano.
Isto apesar de também o sul da região estar devastado pela guerra, com Israel a bombardear incessantemente o sul antes do cessar-fogo ter entrado em vigor, apesar de ter ordenado que a população fugisse precisamente para o sul.
Segundo o Axios, citando a conversa telefónica a que tiveram acesso, apesar do apelo do líder dos EUA, Netanyahu terá respondido que atacar o sul de Gaza era fundamental para "atingir o objetivo de destruir o Hamas".
SCOOP: President Biden told Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu last Sunday that he is concerned about a possible Israeli military operation in southern Gaza after the current pause in fighting ends, two U.S. officials told Axios. https://t.co/tvoqCGMrNs
— Axios (@axios) November 29, 2023
Nem a Casa Branca, nem o governo israelita comentaram a notícia sobre a conversa telefónica, sendo que o porta-voz da Casa Branca para questões de Segurança Nacional, John Kirby, já tinha afirmado na terça-feira que os Estados Unidos "não apoiam operações no sul a não ser que os israelitas mostrem que têm em conta a segurança dos civis deslocados em Gaza".
O cessar-fogo acordado entre o Hamas e Israel, mediado pelo Qatar, Egito e EUA, tem permitido a libertação de reféns israelitas, sequestrados pelo grupo fundamentalista durante o ataque de 7 de outubro, bem como a libertação de presos israelitas. Estes detidos, incluindo dezenas de crianças e mulheres, estavam presos desde antes da guerra, e muitos estavam sob detenção no âmbito de uma prática israelita de 'detenção administrativa' - um sistema que tem permitido às autoridades israelitas prender palestinianos sem acusação, por tempo indefinido, mesmo na Cisjordânia ocupada.
Muitos libertados têm também revelado histórias de abuso, de tortura e de pobres condições sanitárias impostas nas prisões israelitas. Alguns são jovens adultos, que foram detidos pela polícia por atirarem pedras, ficando na prisão durante anos.
O ataque do Hamas sobre Israel fez cerca de 1.200 mortos no dia 7 de outubro, sequestrando também mais de 200 pessoas. Como retaliação, o exército israelita dizimou a Faixa de Gaza ao longo de quase dois meses, matando mais de 15 mil palestinianos, incluindo milhares de crianças, e deixou a região palestiniana numa profunda crise humanitária reconhecida pela Organização das Nações Unidas.
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