Num palco instalado em frente a Downing Street, onde se situa a residência oficial do primeiro-ministro britânico, surgiram juntos o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, chefe da Igreja Anglicana, o rabino David Mason e o imã Monawar Hussain.
Justin Welby apelou para a "eliminação do antissemitismo e da islamofobia", que aumentaram de forma acentuada no Reino Unido após o ataque de 07 de outubro do Hamas em território israelita e os bombardeamentos à Faixa de Gaza realizados em retaliação por Israel.
"Não permitiremos o antissemitismo e a islamofobia nas nossas ruas, nas nossas escolas, nas nossas cidades", afirmou Welby.
"Estamos unidos contra todos aqueles que querem semear o ódio e a divisão nas nossas comunidades", acrescentou o imã Monawar Hussain.
A vigília tinha como objetivo "construir pontes" entre as comunidades, segundo os organizadores.
Magen Inon, um professor de nacionalidade britânica e israelita cujos pais foram mortos a 07 de outubro pelos combatentes do Hamas, partilhou o palco com um palestiniano da Cisjordânia.
"É claro que estou zangado, mas o que os terroristas queriam realmente matar era a possibilidade de pessoas de diferentes credos e origens viverem juntas em paz", sustentou.
"A única vingança possível pelos meus pais é pôr de lado o medo e o ódio e acreditar que é possível um futuro melhor", acrescentou o professor.
"Isto é quase impossível de conseguir em Israel ou na Palestina, mas aqui em Londres devemos ser capazes de dar o exemplo", declarou, aplaudido pela audiência.
Hamze Awawd recordou o seu avô que, há 50 anos, "escolheu lutar" contra Israel "para que os seus filhos e netos tivessem um futuro melhor".
"Cinquenta anos depois, cada ano é pior que o anterior", observou.
Este palestiniano apelou para a paz, mas sublinhou que "a paz requer coragem e trabalho árduo", acrescentando: "É por isso que poucas pessoas" escolhem esse caminho.
Debaixo de chuva torrencial, foi observado um minuto de silêncio em memória das vítimas do conflito, "independentemente da sua origem".
Dezenas de milhares de pessoas participaram desde 07 de outubro em Londres e noutros pontos do Reino Unido em manifestações de apoio aos palestinianos. Mas estas têm sido criticadas, por polarizarem a opinião pública.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo mais de 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre iniciada a 27 de outubro no norte do território e que agora avança para o sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 58.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 15.200 mortos, na maioria civis, e mais de 40.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, números confirmados pela ONU, e cerca de 1,7 milhões de deslocados, também segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano pobre numa grave crise humanitária.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 248 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.
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