O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse temer que todos os que estão a bordo possam morrer, caso não existam esforços para o seu resgate.
"Há cerca de 400 crianças, mulheres e homens que olham a morte nos olhos se não houver medidas para salvar estas almas desesperadas", sublinhou Babar Baloch, porta-voz regional da ACNUR, à agência Associated Press (AP).
Baloch referiu que os barcos, que aparentemente embarcaram em Bangladesh, estão no mar há cerca de duas semanas.
O capitão de um dos barcos, contactado pela AP no sábado, revelou que tinha entre 180 e 190 pessoas a bordo, que estavam sem comida e água e que o motor estava danificado.
"Eles estão preocupados com a possibilidade de todos morrerem", alertou o capitão, que se identificou como Maan Nokim.
No domingo, Nokim disse que o barco estava a 320 quilómetros da costa oeste da Tailândia.
Um porta-voz da marinha tailandesa disse hoje não ter recebido qualquer informação sobre os barcos.
O local fica aproximadamente à mesma distância da província de Aceh, no extremo norte da Indonésia, onde outro barco com 139 pessoas desembarcou no sábado na ilha de Sabang, na ponta de Sumatra, adiantou Baloch.
Os campos de refugiados em Bangladesh abrigam cerca de um milhão de rohingya, muitos dos quais fugiram do vizinho Myanmar após a repressão militar de 2017.
Os tribunais internacionais estão a considerar se estas ações constituíram genocídio.
Apesar dos riscos, as condições de vida miseráveis nos campos além das suas capacidades levam muitas pessoas a fugir por mar.
O apelo do ACNUR surge num momento em que o número de viagens para a província de Aceh, a província mais ocidental da Indonésia, está a aumentar, com mais de mil chegadas desde meados de novembro, a maior vaga desde a repressão de 2017.
Acredita-se que mais de 3.500 rohingya tenham tentado a arriscada viagem para países do sudeste asiático em 2022, segundo o ACNUR.
Quase 350 rohingya morreram ou desapareceram no ano passado enquanto tentavam travessias marítimas perigosas, estima a ONU.
A maioria dos refugiados que saem dos campos por mar tenta chegar à Malásia dominada pelos muçulmanos, onde procuram trabalho. A Tailândia, alcançada por alguns barcos, rejeita-os ou os detém, enquanto a Indonésia, outro país dominado por muçulmanos para onde muitos acabam, também os coloca em detenção.
Baloch destacou ainda que se os dois barcos à deriva não receberem assistência, o mundo "pode testemunhar outra tragédia, como a de dezembro de 2022, quando um barco com 180 pessoas a bordo desapareceu, num dos incidentes mais sombrios na região".
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