UE pronta para ir à América Latina para "aprofundar diálogo" com Mercosul

A Comissão Europeia disse hoje estar "disponível" para ir à América Latina "aprofundar o diálogo" da União Europeia (UE) com os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) para fechar o acordo comercial, após ter cancelado a viagem.

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Lusa
05/12/2023 15:57 ‧ 05/12/2023 por Lusa

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"As minhas equipas e eu próprio prosseguimos as nossas negociações e contactos com os principais interlocutores do Mercosul e estamos disponíveis a deslocar-nos à região para aprofundar o diálogo", disse o vice-presidente executivo da Comissão Europeia e responsável pela tutela do Comércio, Valdis Dombrovskis.

Numa nota enviada a alguns jornalistas em Bruxelas, incluindo a Lusa, divulgada pelo seu gabinete, Valdis Dombrovskis vinca ter como objetivo "chegar a um acordo moderno que solidifique a parceria estratégica e económica entre as duas regiões, com uma população conjunta de mais de 700 milhões de pessoas".

"Para o efeito, empenhámo-nos de forma construtiva nos últimos meses e realizámos progressos substanciais", acrescenta o responsável europeu, depois de uma delegação da UE, liderada pelo próprio, ter decidido não se deslocar ao Rio de Janeiro para a cimeira dos líderes do Mercosul, que se realiza na quinta-feira.

"O acordo comercial UE-Mercosul é de grande importância geopolítica para a UE e não me pouparei a esforços para que este acordo histórico seja concluído o mais rapidamente possível", garante Valdis Dombrovskis nesta nota.

A tomada de posição surge depois dos desenvolvimentos do fim de semana, com nova oposição ao acordo comercial, que levou o Presidente brasileiro, Lula da Silva, a admitir que UE e Mercosul podem acabar sem consenso.

A viagem da UE à região, prevista para esta semana, serviria para finalizar o acordo comercial do bloco comunitário com o Mercosul, mas face ao ceticismo de países como a Argentina e às críticas recentes de França as perspetivas de concluir o acordo neste ano diminuíram.

"As nossas regiões partilham laços históricos e culturais profundos e queremos solidificar a nossa relação com um acordo equilibrado e mutuamente benéfico. Estamos plenamente empenhados num acordo ambicioso que dê efetivamente resposta às preocupações climáticas e promova uma transição justa e ecológica para ambas as partes, em benefício dos nossos povos", lê-se na nota.

"O acordo reforçará também a segurança económica da UE e as nossas ambições ecológicas e proporcionar-nos-á uma plataforma para colaborar com os países do Mercosul na luta contra a desflorestação e na proteção dos direitos humanos e laborais", adianta Valdis Dombrovskis na nota.

A UE e Mercosul têm mantido um contacto regular no sentido de conseguirem concluir as negociações nomeadamente em questões como os compromissos ambientais, após um primeiro aval em 2019, que não teve seguimento.

As discussões evoluíram nos últimos dois meses levando à expectativa de acordo na cimeira desta quarta-feira, no Rio de Janeiro, mas recentes acontecimentos políticos baixaram as ambições.

Javier Milei, candidato ultraliberal que venceu as eleições presidenciais da Argentina, tem vindo a defender posições polémicas como a retirada da Argentina do Mercosul, que classificou como uma "união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica os membros", criticando ainda o acordo comercial deste bloco com a UE, que vê como desfavorável.

Além das críticas da Argentina, também o Presidente francês, Emmanuel Macron, disse no domingo estar "contra" o acordo por não estarem a ser tidas em conta questões de biodiversidade e clima.

O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.

Leia Também: Acordo CPLP-Mercosul "está fechado" e será assinado esta semana no Brasil

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