"Estamos preocupados com as crescentes tensões no Estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China. Opomo-nos a qualquer tentativa unilateral de alterar o 'status quo' pela força ou pela coerção", afirmou Michel, que se encontra na capital chinesa com a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para a 24ª cimeira China - UE.
Michel afirmou que Bruxelas "mantém" a sua posição de "reconhecimento" do princípio "Uma só China", que reconhece Pequim como o único representante de toda a nação chinesa.
Em outubro de 2022, Xi avisou que não vai "renunciar ao uso da força armada" para conseguir a "reunificação" de Taiwan, que realiza eleições em janeiro, com o candidato do Partido Democrático Progressista (DPP) e atual vice-presidente de Taiwan, William Lai, a liderar as sondagens com um apoio estável de cerca de 30%.
O atual mandato do DPP, presidido pela atual presidente Tsai Ing-wen, que não pode candidatar-se a um terceiro mandato, foi marcado por tensões acrescidas com a China.
Michel afirmou que a UE procura "uma relação estável com a China", baseada "nos princípios da transparência, previsibilidade e reciprocidade".
"Vamos, naturalmente, promover os nossos valores, incluindo os Direitos Humanos e a democracia. Defenderemos também os nossos interesses legítimos e queremos cooperar em questões globais como o clima, saúde e, naturalmente, segurança", afirmou.
A UE quer "relações comerciais sustentáveis, equilibradas e equitativas", que produzam "maior prosperidade para as populações", acrescentou.
"O défice comercial da UE [com a China] ascende a quase 400 mil milhões de euros. Estamos ansiosos por debater e implementar medidas concretas para reequilibrar esta relação", afirmou.
Michel também observou que China e UE têm "a responsabilidade de trabalhar para a paz e a estabilidade" numa altura em que "a Rússia continua a atacar a Ucrânia e a violar gravemente a Carta das Nações Unidas e a integridade territorial e a soberania da Ucrânia".
"Gostaríamos de debater a melhor forma de resolver esta situação e de apoiar os princípios do Direito internacional", afirmou.
Michel também mencionou a "guerra trágica" no Médio Oriente: "A situação humanitária em Gaza é terrível. Queremos estar envolvidos no fornecimento de ajuda humanitária e no apoio à solução de dois Estados. A paz e a estabilidade são importantes em todo o lado e esperamos que não haja uma escalada regional".
"A relação entre a União Europeia e a China é abrangente e madura. Queremos demonstrar abertura, transparência e respeito", concluiu.
Desde que a China abriu as fronteiras no início do ano seguiu-se uma série de visitas europeias de alto nível ao país, incluindo de Ursula von der Leyen, do Presidente francês, Emmanuel Macron, do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, do vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelo Comércio, Valdis Dombrovskis ou da Comissária Europeia da Energia, Kadri Simson.
A cimeira China -- UE não se realizou de forma presencial durante os três anos da pandemia de covid-19.
As relações foram abaladas pela posição de Pequim sobre a guerra na Ucrânia e por disputas comerciais motivadas por uma investigação sobre os subsídios atribuídos aos fabricantes de veículos elétricos pelo país asiático e o crescente excedente comercial da China no comércio com a Europa.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.
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