Turquia deplora veto dos EUA no "conselho de proteção de Israel" na ONU

O Presidente da Turquia deplorou hoje o veto norte-americano a uma resolução que apelava para um cessar-fogo em Gaza e qualificou o Conselho de Segurança da ONU como o "conselho de proteção de Israel".

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Lusa
09/12/2023 14:41 ‧ 09/12/2023 por Lusa

Mundo

Turquia

"Desde 07 de outubro [dia do ataque do Hamas], o Conselho de Segurança tornou-se um conselho de proteção e defesa de Israel", afirmou Recep Tayyip Erdogan num discurso sobre o 75.º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos.

A resolução do Conselho de Segurança recebeu 13 votos a favor, o veto dos Estados Unidos e uma abstenção (Reino Unido).

A votação resultou de uma iniciativa inédita do secretário-geral da ONU, António Guterres, ao ter invocado o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas.

O artigo em causa permite ao secretário-geral chamar a atenção do Conselho de Segurança para uma questão que pode pôr em perigo a paz e a segurança internacionais.

"Será isto justiça?", questionou Erdogan, reafirmando que "o mundo é maior do que cinco", numa alusão aos membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia).

"Hoje em dia, o local onde a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU é flagrantemente violada é Gaza e os territórios palestinianos ocupados" afirmou, segundo a agência turca Anadolu.

Erdogan disse que a islamofobia e a xenofobia, que atribuiu às sociedades ocidentais, estão no topo das ameaças aos direitos humanos.

"O grupo mais vitimado por práticas xenófobas, racistas, discriminatórias e fascistas é, sem dúvida, o dos muçulmanos, que constituem a maioria dos imigrantes", afirmou.

Disse também que os conceitos de terrorista e de terrorismo são atribuídos ao Islão.

"Tornou-se um disfarce para atacar muçulmanos, insultar muçulmanos e massacrar inocentes", declarou.

O líder turco afirmou ainda que pode haver um mundo justo, "mas não com a América", que disse estar ao lado de Israel.

A resolução da ONU foi apresentada mais de dois meses após o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em Israel, em 07 de outubro, que, segundo as autoridades israelitas, matou 1.200 pessoas.

Os bombardeamentos de retaliação israelitas na Faixa de Gaza, onde o Hamas tomou o poder em 2007, mataram cerca de 17.500 pessoas, de acordo com o grupo islamita.

Israel considera o Hamas como uma organização terrorista.

Leia Também: Países árabes e Turquia pedem pressão dos EUA para cessar-fogo em Gaza

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