O presidente russo, Vladimir Putin, assumiu, esta quinta-feira, que o reforço da soberania da Rússia é uma das prioridades da sua campanha às eleições presidenciais, tendo considerado, na sua primeira grande conferência de imprensa desde o brotar da guerra na Ucrânia, que o país "não pode existir sem isso". O chefe de Estado não deixou de lançar farpas ao homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, tendo atirado que o "herói" dos ucranianos "é uma figura nazi conhecida".
Começando por reiterar que os objetivos da Rússia permanecem inalterados, o chefe de Estado indicou que o país pretende alcançar a "desnazificação e desmilitarização da Ucrânia".
"A paz virá quando alcançarmos os nossos objetivos", complementou, ao mesmo tempo que reforçou que "proteger as pessoas" dos nazis é outra das suas prioridades.
"O herói nacional [da Ucrânia] é uma figura nazi bem conhecida", disse, esclarecendo que, "a menos que queiram chegar a um acordo pacificamente, temos de tomar algumas medidas, incluindo uma ação militar".
Putin considerou ainda que a ajuda militar do Ocidente à Ucrânia está a chegar ao fim, tendo afirmado que, em breve, o país ficará sem armas estrangeiras para resistir à invasão russa.
#FPLive: Russian President Vladimir Putin holds his first phone-in marathon and the news conference with Russian and foreign journalists since the beginning of large-scale war in Ukraine. https://t.co/pmoGTFUM0E
— Firstpost (@firstpost) December 14, 2023
"Hoje, a Ucrânia praticamente não produz ou fabrica nada... Têm importado coisas de graça", disse.
Putin acusou ainda a União Europeia (UE) de "sempre" ter tentado empurrar a Rússia "para segundo plano", justificando a ofensiva militar com "as suas aspirações de se aproximarem das nossas fronteiras".
"Os russos e os ucranianos são essencialmente um só povo, e o que estamos a testemunhar agora é uma grande tragédia que se assemelha a uma guerra civil entre irmãos de lados opostos. E nem sequer é culpa deles; todo o sudeste da Ucrânia sempre foi pró-Rússia", afirmou, sem apresentar evidências.
Antes, um soldado russo questionou, a partir da linha da frente no Donbass, se seria possível criar um órgão que lhes permita educar as crianças, uma vez que "a defesa do inimigo está prestes a ruir" e a "vitória [da Rússia] está próxima". Assim, Putin salientou ser importante educar "os filhos para o patriotismo", apontando que "as guerras não são vencidas pelos generais, são vencidas pelos professores".
“É muito, muito relevante, ao mais alto nível, e é absolutamente óbvio durante o ponto de viragem na história que estamos a viver", disse.
O chefe de Estado sublinhou também que, ao contrário do esperado pelo Ocidente, a economia russa não entrou em colapso após a aplicação das sanções resultantes da ofensiva levada a cabo contra a Ucrânia.
Na verdade, e de acordo com Putin, a economia daquele país provou ser resiliente, tendência que assegurou que continuará. Nessa linha, o responsável comprometeu-se a combater o desemprego, a aumentar os salários e o PIB russo, e a expandir a indústria.
A falta de sucesso da Rússia na guerra contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, foi uma das razões para o cancelamento da conferência anual de Putin no ano passado, segundo a agência espanhola EFE. Este ano, o chefe de Estado deverá falar durante cerca de quarto horas.
O Kremlin anunciou que Putin reservou o dia de quarta-feira para preparar o evento e a televisão estatal noticiou, no mesmo dia, que já tinham sido recebidas mais de 1,5 milhões de perguntas do público.
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