Zelensky exclui negociações com uma Rússia "arrogante"

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou hoje qualquer hipótese de negociação com uma Rússia "arrogante", apesar das dificuldades do Exército ucraniano na frente de combate e a crescente pressão das tropas de Moscovo.

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Lusa
19/12/2023 19:45 ‧ 19/12/2023 por Lusa

Mundo

Volodymyr Zelensky

"Atualmente não é pertinente. Não vejo uma solicitação por parte da Rússia. Não o vejo nas suas ações. Apenas vejo arrogância e morte na sua retórica", declarou o líder ucraniano, durante uma conferência de imprensa em Kyiv com a presença de vários 'media' nacionais e internacionais.

Questionado sobre as recentes divergências com o chefe do Exército, Valery Zaluzhny, o Presidente ucraniano disse que "independentemente da posição ocupada", os dirigentes a vários níveis têm "responsabilidade sobre os resultados do dia a dia".

Presidente e chefe do Exército têm uma "boa relação de trabalho", disse Zelensky, rejeitando "personalizações".

Qualificou ainda de "fantasia" a possibilidade de que a Ucrânia ceda uma parte de seu território à Rússia em troca de entrar na NATO.

Sobre o esforço de equipamento das Forças Armadas, Zelensky revelou ainda que a Ucrânia vai produzir "um milhão de 'drones' [aparelhos não-tripulados]" para o seu exército em 2024.

Zelensky foi também questionado sobre uma visita a Portugal, já confirmada em outubro, sem referir datas, e afirmou estar "muito agradecido ao Governo e ao Presidente de Portugal" por estarem ao lado de Kyiv na luta contra a invasão russa.

"É muito importante para nós ter o apoio de Portugal", disse o chefe de Estado ucraniano, de acordo com a CNN Portugal.

O líder ucraniano também anunciou a intenção de se encontrar proximamente com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, "para encontrar soluções" aos seus diferendos, alguns dias após o dirigente húngaro ter vetado a aprovação de um novo pacote de ajuda da União Europeia (UE) à Ucrânia e de não ter participado na decisão de abrir negociações formais com Kyiv para a adesão ao bloco comunitário.

"Somos vizinhos e tentamos encontrar soluções para os nossos problemas. Mas para isso devemos organizar uma reunião", declarou.

No decorrer da conferência de imprensa, Zelensky respondeu e falou diversas vezes sobre os Estados Unidos, até ao momento o principal aliado de Kyiv.

Ainda a propósito de um possível regresso de Donald Trump à Casa Branca (Presidência norte-americana), a menos de um ano das presidenciais norte-americanas de 2024, Zelensky considerou que o antigo governante tem uma "personalidade diferente" do atual Presidente norte-americano, Joe Biden, e que por esse motivo iria promover "uma política diferente", acrescentando que "todos os dirigentes têm uma influência sobre a sua sociedade e sobre as ações do seu Governo".

Uma eventual redução da ajuda norte-americana poderá influenciar a atitude da UE e terá, segundo frisou, "decerto um impacto e que não seria positivo para a Ucrânia".

No entanto, disse acreditar que as grandes linhas da política oficial de Washington e o seu apoio a Kyiv não serão alterados.

Estas declarações surgem alguns dias após o seu périplo diplomático destinado a convencer os Estados Unidos e a Europa a prosseguirem o envio de armamento e financiamentos à Ucrânia. Apesar de ter obtido de Bruxelas uma abertura das negociações de adesão da Ucrânia à UE, até ao momento não conseguiu convencer o Congresso norte-americano a votar um novo pacote de 61 mil milhões de dólares (56 mil milhões de euros) para o seu país.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kyiv e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

Leia Também: Zelensky tem "planos" para vir a Portugal e agradece apoio "importante"

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