O porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ignat, explicou que destes cerca de 7.400 projéteis, que não incluem 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados), o Exército ucraniano conseguiu neutralizar cerca de 1.600.
"O número de 7.400 inclui mísseis S-300 e S-400 -- aproximadamente um terço do total --, Kh-22 e mísseis balísticos e cerca de 900 Iskander-M sobrevoaram a Ucrânia", detalhou o porta-voz à rádio pública ucraniana.
Por outro lado, já em declarações à agência ucraniana Unian, Yuri Ignat explicou que parte deste pequeno número de mísseis neutralizados se deve ao facto de num primeiro momento as forças ucranianas não possuírem o sistema de defesa antiaérea Patriot, que só chegou à Ucrânia mais tarde, em abril.
Ignat também disse que grande parte dos alertas de lançamento que recebem é proveniente dos seus aliados.
"Na NATO existe um centro de onde os nossos parceiros nos avisam (...). Temos a nossa própria informação, mas os nossos parceiros ajudam-nos muito com os mísseis russos que se dirigem para Kyiv", revelou o porta-voz.
Desde o outono, Moscovo tem aumentado os ataques noturnos contra cidades ucranianas, à semelhança do que já tinha feito no último inverno, numa altura em que se levantam dúvidas sobre a continuação do apoio militar ocidental a Kyiv.
No balanço diário da atividade operacional, o Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia registou cinco ataques russos com mísseis e 68 ataques aéreos, bem como 88 disparos de projéteis contra posições de tropas ucranianas e áreas povoadas.
"Infelizmente, como resultado dos ataques terroristas russos, foram relatadas vítimas civis. Casas e outras infraestruturas civis foram destruídas e danificadas", declarou o Estado-Maior citado pela agência Ukrinform.
Segundo o Estado-Maior ucraniano, os russos atacaram mais uma vez a Ucrânia com recurso a 35 dos designados 'drones kamikaze' Shahed, de fabrico iraniano, dos quais 34 foram intercetados.
Na cidade de Toretsk, no leste do país, três pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas em ataques hoje conduzidos contra empresas mineiras, anunciou o ministro do Interior ucraniano.
"Os russos bombardearam as minas de Toretsk, na região de Donetsk, matando três civis e ferindo outros cinco", disse Igor Klymenko na plataforma Telegram.
Toretsk, uma cidade com cerca de 30 mil habitantes antes da guerra, está localizada perto da frente de batalha no leste da Ucrânia, entre dois pontos críticos: Bakhmut, mais a norte, e Avdiivka, mais a sul.
Bakhmut foi tomada pelas forças russas em maio, após meses de uma batalha particularmente sangrenta. Avdiivka, reduto ucraniano desde 2014, é alvo de uma ofensiva das tropas russas desde outubro, que tentam cercá-la.
No sul, duas mulheres morreram e um homem ficou ferido na sequência de um bombardeamento russo ocorrido hoje de manhã em Nikopol.
"O Exército russo bombardeou Nikopol com artilharia pesada pela manhã", disse o governador da região de Dnipropetrovsk, Serguii Lyssak, no Telegram.
Os ataques causaram a morte de duas mulheres, de 46 e 60 anos, e um homem de 86 anos ficou ferido, acrescentou o representante, especificando que sete edifícios ficaram danificados.
Por outro lado, na Rússia, duas pessoas ficaram feridas em bombardeamentos ucranianos numa aldeia na região de Bryansk, que faz fronteira com a Ucrânia.
Animais de um rebanho também morreram ou ficaram feridos no ataque e um veículo foi danificado, indicou o governador regional, Alexandre Bogomaz, também no Telegram.
Um homem também foi morto em bombardeamentos ucranianos na região de Donetsk, parcialmente sob controlo russo desde 2014, no leste da Ucrânia, anunciaram as autoridades de ocupação locais.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 após a desagregação da antiga União Soviética e que tem vindo desde então a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
O conflito na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kyiv e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
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