Jovens ocupam centro de Belgrado para denunciar fraude nas eleições
Vários grupos de jovens sérvios ocuparam o centro da capital sérvia para exigir uma recontagem dos votos e denunciar uma suposta fraude nas eleições legislativas de 17 deste mês na Sérvia.
© Getty Images
Mundo Sérvia/Eleições
Os jovens estão a bloquear com tendas uma das principais artérias de Belgrado e o acesso ao Ministério da Administração Pública e exigem também uma revisão dos cadernos eleitorais.
A intenção dos jovens é manter o bloqueio até ao meio-dia de sábado, altura em que se juntarão a uma nova manifestação de apoio ao pedido da oposição de anulação das eleições, convocada pela recém-criada e influente iniciativa cívica ProVoto (ProGlas).
Os manifestantes montaram um verdadeiro acampamento e fecharam o cruzamento com a rua onde se situa o Ministério, programaram espetáculos musicais e projeções de filmes, montaram cozinhas e vão organizar debates com especialistas sobre as eleições e os direitos dos eleitores.
Os jovens manifestantes exigem que se verifique se os cadernos eleitorais contêm "eleitores fictícios" que, segundo eles, foram acrescentados ao recenseamento para votar a favor do Partido Progressista Sérvio (SNS), do Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, populista, acusado pelos seus críticos de autoritarismo e que venceu as eleições antecipadas com maioria absoluta.
Desde o dia das eleições que decorrem protestos para denunciar a alegada fraude eleitoral, com as manifestações a serem organizadas pela coligação "Sérvia Contra a Violência" (SPN), o principal partido da oposição.
Os jovens garantem que não porão fim às manifestações enquanto as suas reivindicações não forem satisfeitas e avisam também a oposição para não ocupar os lugares obtidos no parlamento, a fim de não dar legitimidade ao processo eleitoral, cuja transparência foi também posta em causa pela União Europeia (UE).
O SPN não reconhece os resultados das eleições e exige uma repetição, e três dos seus deputados estão em greve de fome.
A Sérvia realizou eleições no dia 17 para o parlamento nacional, a assembleia regional de Voivodina e eleições municipais em 65 cidades, incluindo Belgrado, onde o SNP, na oposição, esperava uma vitória.
Segundo os resultados oficiais, o SNS, no poder, ganhou as eleições legislativas com 47% dos votos, o dobro do SPN.
Vucic, que está no poder há mais de dez anos, rejeita as acusações de fraude e acusa a oposição de tentar desestabilizar o país.
Num relatório preliminar, os observadores internacionais denunciaram pressões sobre os eleitores, incluindo a compra de votos, o abuso de recursos públicos e a falta de separação entre certos cargos oficiais e a atividade de campanha eleitoral.
Uma série de organizações não-governamentais sérvias denunciaram igualmente o desrespeito pela vontade dos cidadãos nas eleições.
Na noite de domingo, vários manifestantes tentaram entrar na Câmara Municipal de Belgrado, partindo janelas, antes de serem repelidos pela polícia.
Um tribunal de Belgrado anunciou que quatro manifestantes detidos no domingo vão permanecer em detenção por mais 30 dias, acusados de "comportamento violento durante uma reunião pública".
Seis outras pessoas encontram-se em prisão domiciliária sob as mesmas acusações e uma foi libertada, anunciou o tribunal.
Sete manifestantes detidos, que se declararam culpados, foram condenados a penas de prisão suspensas até seis meses e a multas de 20.000 dinares sérvios (171 euros) cada um.
Na terça-feira, a oposição sérvia anunciou que vai boicotar a nova votação marcada para sábado em 30 assembleias de voto do país, considerando que a repetição é insuficiente para aceitar o resultado global das legislativas de 17 de dezembro.
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