"Mestre da fé". Papa emérito Bento XVI morreu há um ano

Joseph Aloisius Ratzinger morreu aos 95 anos. "Senhor, amo-te", terão sido as suas últimas palavras.

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Notícias ao Minuto
31/12/2023 11:04 ‧ 31/12/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Bento XVI

Assinala-se, este domingo, um ano da morte de Joseph Aloisius Ratzinger, mais conhecido por Papa Bento XVI.

A notícia chegou logo de manhã, pouco depois das 9h30, 8h30 em Lisboa, com o Vaticano a confirmar o óbito do alemão, que morreu aos 95 anos.

"Com pesar informo que o Papa emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 [8h34 em Lisboa], no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano", anunciou o Vaticano, na altura, em comunicado.

A sua morte surgiu depois de, no dia 28 de dezembro de 2022, o Papa Francisco ter pedido uma "oração especial" por Ratzinger, que estava "gravemente doente".

O corpo do Papa esteve no dia 2 de janeiro na Basílica de São Pedro, para que os fiéis se pudesse "despedir".

As últimas palavras

O enfermeiro fez um relato ao secretário pessoal de Joseph Ratzinger, monsenhor Georg Gänswein, sobre as últimas palavras do Papa emérito. Seis horas antes de morrer, Bento XVI estava gravemente doente, mas ainda não moribundo, garantindo o enfermeiro que o ouviu dizer a frase "Senhor, amo-te", em italiano, já que não fala alemão.

"Bento XVI, em voz baixa, mas de maneira distinta, disse em italiano 'Senhor, amo-te'. Não estava lá nesse momento, mas foi o que me contou depois o enfermeiro. Estas foram as últimas palavras compreensíveis porque depois disso não voltou a ser capaz de se expressar", disse o monsenhor Georg Gänswein.

Um ano depois...

Já este domingo, o Vatican News publicou um artigo do Padre Lombardi, um dos protagonistas da comunicação eclesial pós-Concílio, e diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé com Bento XVI e Papa Francisco.

"Após um ano do falecimento de Bento XVI, o tema sobre o qual seria justo e natural refletir, é a sua herança. Trata-se de uma figura a ser confiada, sobretudo, aos mestres da leitura do passado ou de uma figura que continua a nos desafiar, hoje, precisamente neste momento dramático em que vivemos?", começou por escrever.

Sublinhando que o Papa emérito (era um "mestre da fé", Lombardi destacou que ainda "J. Ratzinger continua a ser um companheiro precioso, também para os que estão a viver, com participação e paixão, as vicissitudes da vida humana e da história nesta terra, com todas as suas atuais e dramáticas questões".

As reações à morte

O funeral do Papa realizou-se a 5 de janeiro e, entre outros líderes e personalidades, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcou presença. Já no dia do óbito, o chefe de Estado descreveu Bento VXI como “um símbolo de estabilidade e de defesa dos valores da Igreja Católica”.

“O Amor ao próximo, a Solidariedade e o apoio aos mais pobres e aos mais desprotegidos e a importância do Perdão e da Reconciliação”, sublinhou, numa nota publicada no site da Presidência.

Outros líderes, como o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, enviaram as condolências. "Foi um grande líder espiritual totalmente comprometido com a reconciliação histórica entre a Igreja Católica e o povo judeu, que expressou comoventemente durante a sua visita histórica a Israel em 2009", referiu, na altura.

"Grande líder espiritual". As reações internacionais à morte de Bento XVI

O ainda Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, lamentou a morte hoje de Bento XVI e exaltou as críticas do papa emérito ao "marxismo", juntando-se nas homenagens que chegam de todo o mundo, incluindo da União Africana, que conta 55 Estados-membros.

Lusa | 07:20 - 01/01/2023

Papado conservador manchado por casos de pedofilia

Em fevereiro de 2013, o então Papa Bento XVI chocou o mundo católico ao anunciar que iria abdicar, apenas oito anos depois de ter sido nomeado pelo Conclave de 2015, aos 78 anos. Na altura, o Papa emérito justificou a decisão por motivos de saúde.

A sua saída foi oficializada no dia 28 de fevereiro. Bento XVI foi o primeiro Papa a abdicar desde o Papa Gregório XII, em 1415. Fora o oitavo Papa de nacionalidade alemã.

Se o seu currículo como teólogo já evidenciava fortes visões conservadoras e tradicionais, o seu papado assistiu a uma consolidação dessas posições. Entre 2005 e 2013, Bento XVI teve um 'mandato' pautado por uma luta contra tentativas de inovar a Igreja Católica e contra ativismo social, especialmente numa altura em que o direito ao aborto cresceu exponencialmente pelo mundo inteiro (incluindo em Portugal, em 2007).

Mas o seu papado ficou essencialmente marcada pelo escândalo de abusos sexuais a menores levados a cabo por centenas de padres, em 2009, na Igreja Católica Irlandesa. Um relatório revelou que a Arquidiocese de Dublin promovia uma cultura de total encobrimento de casos de pedofilia, estimando-se que tenha existido um total de 15 mil vítimas entre os anos 70 e 90. O escândalo assumiu proporções semelhantes à do escândalo em Boston, em 2002.

Mais tarde, foi revelado que o Papa Bento XVI tinha afastado quase 400 padres, entre 2011 e 2012, por acusações de pedofilia.

O próprio Papa emérito esteve, este ano, no centro de uma nova controvérsia relativa a encobrimento de abusos sexuais na Igreja. Um relatório pela igreja alemã relevou que o então arcebispo Joseph Ratzinger ajudou a esconder quatro casos de pedofilia, que surgiram entre 1977 e 1982.

Leia Também: Papa Francisco lamenta que "o mundo se ria dos cristãos"

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