"O que queremos é um equilíbrio de poder no Sudeste Asiático, não um Sudeste Asiático dividido, não uma guerra por procuração de um lado ou do outro e certamente não para repetir a Guerra Fria, quando houve guerras por procuração no Sudeste Asiático", comentou Vivian Balakrishnan, em entrevista conjunta à Lusa, DN e TSF, no seu último dia de visita oficial a Portugal.
"Tanto os Estados Unidos como a China sabem qual é a nossa posição, e não há razão para mudarmos. Ambos sabem que, porque somos pequenos, abertos e expostos, temos que defender a paz e uma abordagem inclusiva", considerou.
O seu país, salientou, conseguiu cultivar "excelentes relações", com "uma confiança muito profunda" quer com Beijing quer com Washington, por se manter, ao longo de décadas, "consistente, honesto e transparente com os dois lados".
Sobre a relação entre estes dois países, Balakrishnan afirmou que não a descreveria como "uma inimizade", mas como "uma relação de duas superpotências num momento de viragem muito delicado da história mundial".
Reiterou que nenhum dos lados pretende desencadear uma guerra, "mas têm de encontrar oportunidades diplomáticas e económicas para trabalhar em conjunto".
EUA e China têm uma falta de confiança estratégica, mas, sublinhou, "o conflito não é inevitável".
Este é um momento em que se procurará perceber se "as duas superpotências conseguirão chegar a um novo 'modus vivendi', para se darem bem, não necessariamente concordarem em tudo - isso é impossível - mas pelo menos terem um respeito mútuo, procurarem oportunidades para colaborar e estabelecer barreiras de proteção para que as áreas de desacordo não saiam do controle", considerou.
"Portanto, o nosso mundo ideal é aquele em que superamos esta situação delicada. No caso do Sudeste Asiático, o nosso paradigma é o de manter uma arquitetura regional inclusiva, onde ambas as superpotências têm interesses", destacou.
Questionado sobre as eleições presidenciais em Taiwan, que Pequim reivindica como parte do território chinês, o MNE singapurense considerou que cabe aos eleitores decidir, no próximo dia 13.
"Não nos cabe expressar preferências. Os eleitores de lá, terão que decidir", disse, ressalvando a necessidade de "líderes e políticos, em ambos os lados e em todo o espetro político, terem muito cuidado, porque na política e na diplomacia, o que dizemos e como dizemos é importante".
Balakrishnan disse esperar que "a paz prevaleça nas ruas".
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