Taiwanesas satisfeitas com Portugal para novo lar (apesar de burocracia)

Enya Cheng e Ya-Ju Yu integram a comunidade taiwanesa em Portugal, com planos de ficar até porque é longa a lista de pontos positivos do país, e apesar da pesada burocracia que exige "paciência".

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© Jorge Castellanos/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Lusa
12/01/2024 12:19 ‧ 12/01/2024 por Lusa

País

Taiwan

Em vésperas das eleições em Taiwan, testemunharam à Lusa como Portugal foi escolha para residir, mas sem deixarem de estar atentas ao que se passa na ilha natal.

Para Enya Chen, 31 anos, a decisão de sair de Taiwan foi tomada em família e efetivada em 2017. Uma vida anterior no Brasil, onde acabou por nascer e viver algum tempo, deu o domínio da língua portuguesa e possibilitou comparações entre países lusófonos.

Depois também de uma viagem de duas semanas pelo país, Portugal acabou por ser a escolha desta família de cinco elementos - pai, mãe, Enya e duas irmãs para viver. Portugal oferece segurança, benefícios laborais, uma boa localização para viajar e é "mais relaxado e tranquilo" também para as suas duas irmãs mais novas, que são estudantes, conta à agência Lusa.

Os 22 dias de férias, que em Taiwan só seriam possíveis depois de 16 anos seguidos de trabalho e sem mudança de empresa, além dos subsídios de natal e de férias foram vantagens imediatas identificadas por Enya em Portugal, cuja "história e cultura" também são pontos a favor.

As rainhas Catarina de Bragança e D. Maria II, os monumentos, os espetáculos de ópera e de ballet ao ar livre no verão, são outros elementos que Enya elenca para justificar a opção que mantém por ficar em Portugal, onde, porém, há pontos também a criticar e que são comuns com a realidade de Taiwan: "salários baixos e rendas altas".

Enya, que trata de questões de contabilidade para estrangeiros, identifica a necessidade de "melhorar a administração pública" porque falta "eficiência" e a burocracia é difícil de resolver. "É preciso ter muita paciência", resume a jovem, de 31 anos.

A mais de 11 mil quilómetros de distância, Enya não deixa de acompanhar a campanha eleitoral e refere que não tem candidato, preferindo que "continue como está em relação à China, com Taiwan a abrir portas para o mundo", com óbvias vantagens económicas dada a participação no mercado global.

A geração mais nova está atenta às propostas e aos temas que os partidos têm colocado em discussão, e leem as notícias com sentido crítico para distinguir "as falsas das verdadeiras" e porque numa "democracia pode-se escrever a favor de um determinado partido".

Enya notou ainda como muitos jovens taiwaneses têm optado por emigrar dadas as dificuldades em encontrar trabalho, pelo que ficar em Portugal para si é definitivo.

Para Ya-ju Yu, de 35 anos, Portugal começou por ser um destino para estudar, primeiro em 2013 e depois em 2014 para acabar a tese na área das ciências, mais concretamente biotecnologia.

Em 2015, a decisão foi de ficar no Porto, mas afastada da sua formação académica, porque entrou no setor do comércio, contactando hoje em dia "fornecedores de todo o mundo", citando como exemplos o Brasil, Argentina, mas também a China.

Desafiada a listar pontos mais positivos de Portugal, não hesita em elogiar, e muito, "a gente", que "é muito simpática e disposta a ajudar".

Mas também há tempo para expressar o gosto pela "arquitetura e história", além de "paisagens muito bonitas" e os castelos que procura conhecer nas suas viagens.

Mas "há sempre coisas boas e coisas más", e o 'chumbo' vai também para a administração pública. "Sofri muito", testemunha à Lusa quando recorda o processo para obter o título de residência.

"Serviços muito lentos com prazos. Não gosto tanto", resume Ya-ju, que também não deixa que a distância para Taiwan, onde continua a família, limite o interesse de continuar informada, escolhendo um canal televisivo japonês como principal fonte de informação.

Sobre a ida às urnas no sábado, nota como além dos dois maiores partidos, o "DPP mais pró independência" e o KTM "mais apoiado pelas pessoas mais velhas" surgiu o terceiro, o TPP, cujo líder foi presidente da câmara de Taipé e "está a ganhar popularidade entre a geração mais nova".

Leia Também: Ko Wen-je procura relações fortes com EUA antes de dialogar com Pequim

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