"Na Guatemala, onde represento Portugal na cerimónia de posse do novo Presidente, subscrevi a declaração de apoio à democracia e ao Presidente eleito, Bernardo Arévalo de León", escreveu o ministro João Gomes Cravinho na rede social X (antigo Twitter), acrescentando: "Após eleições inequivocamente justas, livres e transparentes, a vontade popular deve ser plenamente respeitada".
A declaração conjunta de "todas as delegações convidadas e representadas" na Guatemala para a investidura do Presidente eleito, sublinhava precisamente isso, que "o povo guatemalteco expressou a sua vontade democrática em eleições justas, livres e transparentes".
O texto foi lido numa conferência de imprensa improvisada pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, após uma reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países que assistem à passagem do poder no país centro-americano.
"Reunidos na Cidade da Guatemala para a tomada de posse presidencial, fazemos um apelo ao Congresso da República para cumprir o seu mandato constitucional de entregar o poder, como exige a Constituição, no dia de hoje (ainda domingo na Guatemala), ao Presidente eleito, Bernardo Arévalo e à vice-presidente eleita, Karin Herrera", leu Almagro.
O diplomata acrescentou que a "vontade" do povo refletida nas eleições presidenciais de 2023 deve ser "respeitada".
O responsável da OEA encontra-se na Guatemala desde domingo para assistir à investidura de Arévalo de León, que está a ser obstruída pelo parlamento guatemalteco cessante, que não avançou durante a manhã de domingo no processo de juramento dos 160 novos deputados eleitos, como estava oficialmente previsto.
A entrega de credenciais aos novos legisladores é um requisito indispensável para que se possa realizar a investidura do novo chefe de Estado.
A tensão surge após um processo eleitoral marcado pelas tentativas do Ministério Público, desde julho passado, para impedir que Bernardo Arévalo tomasse posse no domingo (agora, já segunda-feira em Lisboa), como estabelece a lei guatemalteca.
A cerimónia de posse de Bernardo Arévalo, eleito em agosto passado com o compromisso de combater a corrupção endémica no país - classificado em 150.º lugar entre 180 países pela Transparência Internacional -, deveria ter começado às 15:00 locais de domingo (21:00 em Lisboa).
O Presidente eleito garantiu que será empossado ainda no domingo (já segunda-feira em Lisboa) como chefe de Estado do país centro-americano, substituindo Alejandro Giammattei, como determina a lei, apesar das manobras para o impedir.
A incerteza tomou conta da situação no parlamento, enquanto centenas de apoiantes de Arévalo furaram o cordão policial e se concentraram em torno do edifício do Congresso para protestar contra estas manobras dilatórias. No local, foram registados confrontos entre manifestantes e elementos da polícia de choque.
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