Espanha desclassifica documentos sobre espionagem de presidente catalão

O Governo de Espanha desclassificou documentos relacionados com a espionagem de que foi alvo o atual presidente do executivo regional da Catalunha, o independentista Pere Aragonès, por parte dos serviços secretos espanhóis, disse hoje a ministra porta-voz.

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Lusa
16/01/2024 15:57 ‧ 16/01/2024 por Lusa

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Pegasus

Trata-se de uma "desclassificação parcial" de documentos, foi feita a pedido de um juiz e não põe em causa "de nenhuma maneira" a segurança nacional, disse a ministra Pilar Alegría, numa conferência de imprensa em Madrid.

Pere Aragonès ratificou em 13 de dezembro perante um juiz uma queixa contra os serviços secretos de Espanha por ter sido alvo de espionagem entre 2018 e 2020 com o programa informático Pegasus.

A espionagem de 18 políticos catalães independentistas foi confirmada pela anterior chefe dos serviços secretos espanhóis, Paz Esteban.

Depois de prestar declarações perante um juiz em Barcelona, Pere Aragonès, que é também dirigente do partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), disse aos jornalistas que ratificou a queixa para que "se saiba toda a verdade, se esclareça o que aconteceu e que nunca mais haja, como houve, espionagem de pessoas simplesmente por terem uma determinada ideologia política".

Aragonès disse querer saber quem ordenou a espionagem, que dados foram retirados do seu telemóvel e quem os guardou, considerando que o Governo de Espanha tinha "a obrigação moral e ética" de desclassificar a informação relacionada com o seu caso.

Na queixa que apresentou, Aragonès diz ter sido alvo de espionagem entre julho de 2018 e março de 2020, um período que se seguiu a uma declaração unilateral de independência na Catalunha e coincidiu, depois, com a formação dos primeiros Governos do socialista Pedro Sánchez, que envolveram negociações com a ERC.

A ex-dirigente do Centro Nacional de Informações (CNI) de Espanha Paz Esteban deveria ter sido ouvida também em 13 de dezembro pelo mesmo tribunal de Barcelona, mas a audição foi adiada para o final deste mês.

A queixa do presidente do governo autonómico da Catalunha abrange ainda a empresa israelita NSO, que comercializa o Pegasus.

O Governo espanhol destituiu em maio do ano passado a então diretora do CNI, que já tinha reconhecido, em comissão parlamentar, que os serviços secretos tinham espiado 18 dirigentes independentistas com autorização judicial.

O caso assumiu uma nova dimensão quando o Governo revelou que o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, a ministra da Defesa, Margarita Robles, e o ministro da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska, tinham sido eles próprios espiados pelo mesmo 'software', desta vez como parte de um "ataque externo" cujo perpetrador permanece desconhecido.

Em dezembro, o parlamento espanhol aprovou a constituição de uma comissão de inquérito sobre a espionagem com o Pegasus, fruto dos acordos dos socialistas com partidos independentistas para a viabilização do último Governo de Pedro Sánchez.

A ministra porta-voz admitiu hoje a possibilidade de os socialistas levarem o anterior primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP, direita), a ser ouvido nesta comissão de inquérito por causa de notícias dos últimos dias.

Segundo essas notícias, o Governo de Rajoy usou a polícia e outros meios do Estado para investigar dirigentes catalães de forma ilegal e com base em informações falsas.

Leia Também: Presidente catalão formaliza queixa por espionagem contra 'secretas'

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