Hutis consideram "uma honra" serem considerados terroristas pelos EUA
Os Hutis, movimento rebelde que controla a maior parte do Iémen, incluindo a capital, Saná, considerou hoje "uma honra" a designação como grupo terrorista pelos Estados Unidos e garantiu que continuará a apoiar a Palestina na guerra contra Israel.
© Mohammed Hamoud/Getty Images
Mundo Iémen
"A designação dos Estados Unidos não tem qualquer valor e isso não mudará a posição do Iémen em apoio à Palestina. Pelo contrário, consideramos que se trata de uma medalha de honra por apoiar a resistência palestiniana em Gaza, enquanto os EUA exercem a sua agressão contra o Iémen", afirmou o porta-voz rebelde, Mohamed Abdelsalam, na conta oficial do movimento na rede social X (antigo Twitter).
Abdelsalam sublinhou que são as "políticas arrogantes" dos Estados Unidos e o "apoio à entidade sionista criminosa", referindo-se a Israel, os "verdadeiros patrocinadores do terrorismo".
Por outro lado, Mohamed al-Bukhaiti, membro do gabinete político dos Hutis, afirmou na conta pessoal no X que a decisão norte-americana de considerar o movimento como um grupo terrorista "não traz nada de novo".
"Ansar Allah (líder dos Hutis) goza atualmente de um grande apoio popular, sem paralelo a nível local, árabe, islâmico e internacional", afirmou.
Além disso, acrescentou, a decisão de Washington "vai minar a credibilidade" da administração de Joe Biden "aos olhos dos povos do mundo, porque terrorista é aquele que apoia e protege os autores de genocídio e não aquele que luta para o impedir".
Al-Bukhaiti concluiu afirmando que os Hutis são "homens de guerra", mas também "homens de paz" e instou os Estados Unidos e o Reino Unido a "porem termo aos crimes de genocídio em Gaza e a pararem a agressão contra o Iémen".
Se assim o fizerem, afirmou, os Hutis cessarão "todas" as operações militares "imediata e automaticamente".
"A bola está no campo deles e podem chamar-nos o que quiserem", sublinhou al-Bukhaiti.
A decisão norte-americana de considerar como "terroristas" os rebeldes Hutis surge dias depois de os Estados Unidos e o Reino Unido terem lançado uma campanha de bombardeamento contra alvos militares do grupo no Iémen, devido aos ataques dos insurgentes a navios ligados a Israel no Mar Vermelho e no Estreito de Bab al-Mandeb, que estão a afetar o comércio marítimo internacional.
A designação entrará em vigor dentro de cerca de um mês, a 16 de fevereiro, embora, num telefonema aos jornalistas, os responsáveis norte-americanos tenham afirmado que os Estados Unidos "considerariam a possibilidade de a suspender" se os Hutis cessarem os ataques no Mar Vermelho.
Nos 30 dias que faltam para a medida entrar em vigor, os Estados Unidos pretendem também "conceber" a aplicação das sanções que acompanham a designação, de forma a afetar o menos possível a população civil.
A administração Biden optou por incluir os Hutis na lista de "Terroristas Globais Especificamente Designados" (SDGT) em vez de "Organização Terrorista Estrangeira" (FTO), porque as sanções que acarreta são mais leves.
Por exemplo, a designação de SDGT não implica sanções para aqueles que fornecem "apoio material" aos Hutis, nem prevê a proibição de viajar, como acontece com a designação de FTO.
Segundo as Nações Unidas, o Iémen, em guerra desde o final de 2014 entre os Hutis e o governo iemenita reconhecido internacionalmente (apoiado por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, país onde está exilado) sofre atualmente uma das maiores catástrofes humanitárias do planeta, segundo a ONU.
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