As primárias do Partido Democrata arrancam oficialmente no dia 3 de fevereiro, mas Joe Biden não tem adversários que ameacem a sua indicação para concorrer ao segundo mandato, apesar de as sondagens revelarem que a sua popularidade está em níveis historicamente baixos e que mesmo no seu partido são muitos os que duvidam que possa bater os republicanos nas eleições gerais de 05 de novembro.
Uma sondagem YouGov divulgada esta semana pela cadeia televisiva CBS dizia mesmo que os três principais candidatos republicanos -- Donald Trump, Nikki Haley e Ron DeSantis -- poderiam vencer Biden e que o ex-Presidente Trump até é o que obteria uma menor vantagem sobre o atual inquilino da Casa Branca.
Para Nuno Gouveia, especialista em política norte-americana, o principal obstáculo à afirmação da recandidatura de Biden é a sua dificuldade em apresentar o seu mandato como um sucesso para os norte-americanos.
"Os fundamentos da economia americana são positivos, mas a perceção das pessoas é totalmente diferente, como provam as más sondagens", disse à Lusa Gouveia.
"A economia gerou dois milhões de empregos em 2023, elevando para mais de 13 milhões durante estes primeiros três anos da sua administração, um recorde absoluto. A inflação está a baixar e os americanos viram o seu poder de compra aumentar, com os preços de bens essenciais e dos combustíveis a baixar. A Bolsa de Wall Street tem batido recordes", lembra este especialista.
Mas, acrescenta, isto parece não ser suficiente para convencer os eleitores a voltarem a dar um voto de confiança a Biden.
Na verdade, os eleitores têm manifestado a ideia de que não estão confortáveis com nenhum dos candidatos dos dois principais partidos, estando dispostos a escolher o menos mau que se apresentar a votos.
"Esta não será uma campanha qualquer e com dois candidatos com elevadas taxas de rejeição entre o eleitorado, Biden precisa de apresentar-se como o 'menos mau' perante os eleitores e aquele que consegue mobilizar o eleitorado mais moderado contra Donald Trump", explica Nuno Gouveia.
A seu favor, Biden tem a comprovada capacidade de angariar fundos financeiros para enfrentar uma longa campanha contra Trump, tendo em conta que o ex-Presidente republicano rapidamente se afirmará como o candidato do seu partido.
Para ajudar a este feito conta o facto de a rica comunidade judaica dos Estados Unidos se estar a unir em torno da candidatura democrata, em parte como recompensa pelo esforço de ajuda da Casa Branca à causa de Israel na sua luta contra o grupo islamita Hamas.
Contudo, Biden está muito longe de conseguir ser consensual junto das minorias étnicas, que foram particularmente relevantes na sua vitória contra Trump em 2020, tal como a sua popularidade junto dos eleitores independentes, os mais jovens e as mulheres.
"Para que isso suceda, precisará de (...) voltar a mobilizar os eleitores em redor de temas como o aborto -- um tema vencedor para democratas, sobretudo nos mais jovens e nas mulheres", defende Nuno Gouveia.
O apoio dos independentes continua a ser uma das falhas que a equipa eleitoral de Biden continua a tentar resolver, sobretudo depois de ter surgido no terreno a candidatura de Robert F. Kennedy Jr., filho do irmão do falecido Presidente Kennedy, que as sondagens indicam estar a tirar votos junto dos democratas.
O 3º aniversário da tomada de posse do Presidente norte-americano (20 de janeiro de 2021) será marcado no sábado.
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