"O reino tem estendido continuamente a mão para a paz", disse a princesa Reema bin Bandar Al Saud, numa sessão do Fórum Económico Mundial, em Davos, numa sessão dedicada à Arábia Saudita e quando foi questionada sobre uma potencial normalização das relações com Israel.
"Mas na outra mão [a Arábia Saudita] transporta a responsabilidade do povo palestiniano, uma responsabilidade que levamos muito a sério", assinalou a diplomata no decurso desta cimeira anual que decorre na cidade suíça de Davos.
Reema Al Saud sublinhou que a prevalência da paz, em conformidade com o reino saudita, será concretizada caso exista "um caminho irrevogável" em direção a um Estado palestiniano independente e ainda a um "cessar-fogo" na Faixa de Gaza.
"O reino foi muito claro, enquanto existir violência no terreno e persista a matança, não podemos falar do dia seguinte. Temos de solucioná-lo de imediato", prosseguiu a primeira embaixadora mulher da Arábia Saudita, designada há quase cinco anos.
"Os palestinianos merecem essa soberania" e é necessário "remontar às raízes da ocupação" que se prolonga há 75 anos para compreender a violência que tem vindo a alastrar, acrescentou.
A diplomata também condenou o ataque do grupo islamita Hamas de 07 de outubro e "o choque permanente e diário para os homens e mulheres de Gaza", sob bombardeamentos israelitas e uma ofensiva militar terrestre.
Na sua intervenção em Davos, o Presidente de Israel, Isaac Herzog, considerou a normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita um elemento fulcral para o fim da guerra em Gaza e uma mudança decisiva para todo o Médio Oriente.
"É algo que poderia alterar as regras do jogo após os passos similares efetuados corajosamente pelo Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Bahrein", disse.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 24.500 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 60 mil, também maioritariamente civis.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.
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