A ocorrência do rapto já foi confirmada à Lusa por fonte oficial da Polícia da República de Moçambique na cidade de Maputo, que reserva outras informações para mais tarde. Contudo, as imagens do sistema de videovigilância divulgadas publicamente mostram o momento do sequestro do empresário quando saía na viatura de um edifício, cerca das 07:30 locais (05:30 em Lisboa).
Nas mesmas imagens é possível ver que o grupo, munido de armas de fogo, chegou a efetuar vários disparos na via pública, na avenida Ho Chi Min, centro da cidade, face à oposição dos seguranças e à presença de pessoas nas proximidades.
A vítima, que foi arrastada para o interior da viatura dos raptores, é um dos donos dos Armazéns Atlântico, que fugiu do cativeiro depois ter sido raptado em junho de 2011, o primeiro caso do género conhecido em Moçambique, indicaram outras fontes.
Na última terça-feira, um gestor de uma loja foi ferido no abdómen durante uma tentativa de rapto frustrada por populares que atiraram pedras contra os autores do crime, disse então à Lusa o porta-voz da polícia em Maputo, Leonel Muchina.
"Infelizmente, a vítima foi atingida no abdómen, mas está fora de perigo e em segurança, na sequência de uma ação de populares", afirmou Muchina.
Durante a ocorrência, um homem sofreu de raspão um tiro nas costas, mas sem gravidade, acrescentou.
O porta-voz da polícia avançou que o gestor da loja saía de uma mesquita e dirigia-se ao seu local de trabalho, na Avenida Filipe Samuel Magaia, quando três homens armados com uma AKM tentaram levar a vítima à força para o interior da viatura em que se faziam transportar, mas a ação foi inviabilizada por populares, que arremessaram pedras e outros objetos, partindo os vidros do veículo.
Os três homens puseram-se em fuga, mas atingiram a vítima a tiro no abdómen e feriram ligeiramente uma outra pessoa, adiantou Leonel Muchina.
A Confederação das Associações Económicas (CTA), a maior associação patronal do país, defendeu no início de novembro, face a esta nova onda de casos, penas de prisão "mais severas" contra raptores e sem possibilidade de pagamento de caução para travar estes crimes.
Uma petição lançada há cerca de um mês, dirigida aos governos de Moçambique e de Portugal, pede medidas para resgatar os cidadãos em cativeiro, apelando para que "não deixem estas vítimas cair no esquecimento", tendo reunido já mais de meio milhar de subscritores.
A polícia de Moçambique deteve na madrugada de 18 de dezembro três pessoas envolvidas no rapto de uma jovem luso-moçambicana de 26 anos, que esteve em cativeiro durante 50 dias. A vítima foi raptada à porta de casa, no centro de Maputo, no dia 01 de novembro, por três homens armados, tendo o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal confirmado anteriormente que estava a acompanhar este caso e um outro, de outro cidadão também luso-moçambicano, alvo de uma tentativa de rapto também na capital, pouco dias depois.
Em novembro, o Gabinete Central de Combate à Criminalidade Organizada e Transnacional (GCCOT) de Moçambique deduziu acusação contra três arguidos alegadamente envolvidos no rapto e morte de um homem de 57 anos em dezembro de 2022. Um dos arguidos é um antigo membro do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) e um outro é funcionário de uma direção provincial da Justiça, que tinha sido condenado a 23 anos de prisão por envolvimento noutros crimes, incluindo rapto, mas absolvido em segunda instância, refere o GCCOT em comunicado.
Algumas cidades moçambicanas, principalmente as capitais provinciais, voltaram a ser afetadas desde 2020 por uma onda de raptos, visando principalmente empresários ou seus familiares.
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