O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou, esta terça-feira, que o presidente russo, Vladimir Putin, não irá visitar a Coreia do Norte antes das eleições presidenciais russas, ou seja, nos próximos dois meses.
O esclarecimento surge numa altura em que Pyongyang e Moscovo continuam a estreitar relações e depois de a ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Choe Son Hui, revelar que Putin expressou disposição para visitar o país, após um encontro entre ambos.
"Para a Coreia do Norte - não, estes são planos a longo prazo", disse o porta-voz do Kremlin, quando questionado sobre se a viagem poderia acontecer antes das eleições presidenciais de março, segundo cita a agência estatal russa TASS.
Segundo Peskov, "quando o calendário for acordado" Putin irá, certamente, aceitar o convite da Coreia do Norte.
Por outro lado, uma viagem à Turquia pode acontecer antes das eleições presidenciais. "Sim, assumimos que [a visita à Turquia] poderá ter lugar mesmo antes das eleições", informou o porta-voz de Putin.
De notar que, no domingo, Choe Son Hui, que esteve na Rússia na semana passada, informou que Putin agradeceu ao líder norte-coreano, Kim Jong Un, pelo convite para uma visita e expressou a sua disposição para que esta viagem acontecesse em breve, segundo adiantou a agência de notícias oficial KCNA.
A acontecer será a primeira viagem do líder russo à Coreia do Norte em mais de duas décadas.
A visita de Choe a Moscovo, que incluiu reuniões com o homólogo russo, Sergey Lavrov, e com o vice-primeiro-ministro, Alexander Novak, ocorreu "numa altura em que as relações de amizade e cooperação entre os dois países entraram definitivamente no curso de um novo desenvolvimento integral", afirmou ainda a agência estatal.
Além disso, a visita aconteceu depois de terem sido divulgadas novas provas de que a Coreia do Norte e a Rússia concordaram em cooperar militarmente durante a cimeira de setembro entre Kim e Putin.
A Casa Branca acusou a Rússia de ter disparado recentemente mísseis balísticos norte-coreanos contra a Ucrânia, somando-se aos já utilizados nos ataques de 30 de dezembro e 2 de janeiro. Mas Pyongyang e Moscovo negam a transferência de armamento.
Especialistas disseram acreditar que o regime norte-coreano recebeu assistência técnica russa no lançamento do primeiro satélite de reconhecimento militar em novembro passado.
A Coreia do Sul estima que o número de contentores - com mísseis balísticos, lançadores e centenas de milhares de munições de artilharia - transferidos desde o verão pela Coreia do Norte para a Rússia ultrapassa já os cinco mil.
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