Um tribunal de recurso do Vaticano condenou, esta terça-feira, o padre Gabriele Martinelli por abusar sexualmente de um colega menor, quando ambos frequentavam um seminário juvenil, avança a Reuters.
O padre foi condenado a dois anos e meio de prisão, de acordo com um cópia da deliberação, citada pela agência noticiosa. A decisão de hoje anula parcialmente uma decisão de primeira instância de 2021.
Martinelli, atualmente com 31 anos, foi considerado culpado de corromper um menor e multado em 1.000 euros por factos ocorridos entre 2008 e 2009.
Note-se que o julgamento original, que começou há quatro anos, foi o primeiro no Vaticano relativo a abusos sexuais ocorridos no seu próprio território. Martinelli foi levado à Justiça por ter forçado a vítima, identificada apenas como L.G, a ter relações sexuais entre 2007 e 2012, quando ambos frequentavam o mesmo seminário no Vaticano. Na altura, os dois eram adolescentes, de 14 e 13 anos, e os abusos continuaram até Martinelli completar 19 anos.
Laura Sgrò, advogada de defesa da vítima, identificada apenas como L.G., congratulou-se com a decisão. A vítima é sete meses mais jovem que Martinelli.
"É um dia importante para o meu cliente, porque, após muitos anos de sofrimento, a violência que ele sofreu realmente foi reconhecida", disse Laura Sgrò, advogada da vítima, à AFP.
"Esperamos que esta decisão possa, de alguma forma, levar a uma reflexão ainda mais profunda sobre o abuso sexual na Igreja", acrescentou.
O seminário onde ocorreram os abusos, o Pré-Seminário São Pio X, localiza-se a uma curta distância da Casa Santa Marta, residência oficial do Papa Francisco. Nele são formados seminaristas para ajudar o Pontífice nas celebrações litúrgicas na Basílica de São Pedro. Martinelli foi ordenado após frequentar o pré-seminário.
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