"Recebemos uma nota das autoridades a dar-nos um mês para que todos os norte-americanos e britânicos abandonem a zona sob o controlo das autoridades de facto (os Hutis)", declarou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, sem precisar quantos funcionários das Nações Unidas tal envolveria.
"O que temos a dizer é que qualquer pedido relativo à partida de funcionários da ONU apenas em virtude da sua nacionalidade está em contradição com as normas aplicáveis à ONU", acrescentou.
"Tal prejudica também evidentemente a nossa capacidade para cumprir o nosso mandato de ajudar toda a população do Iémen", sustentou, apelando a "todas as autoridades do Iémen" para garantirem que o pessoal da ONU poderá continuar a fazer o seu trabalho, principalmente humanitário.
"O pessoal da ONU é imparcial e serve sob a bandeira da ONU, não sob qualquer outra", frisou.
Desde novembro, os rebeldes iemenitas Hutis dizem atacar navios no mar Vermelho e no Golfo de Aden que consideram ligados a Israel, em "solidariedade" com os palestinianos da Faixa de Gaza, afetados pela guerra entre o Exército israelita e o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder naquele enclave exíguo, sobrepovoado e pobre, agora a braços com uma grave crise humanitária.
Perante o aumento dos ataques no mar Vermelho, os Estados Unidos, por vezes com o aliado Reino Unido, começaram a partir do início de janeiro a lançar ataques a posições Hutis no Iémen, com o objetivo de "proteger" o tráfego marítimo dos ataques dos rebeldes, apoiados pelo Irão.
Hoje, os Hutis dispararam mísseis contra dois navios norte-americanos ao largo da costa do Iémen, obrigando-os a voltar para trás, num contexto de ataques crescentes e de represálias por parte dos Estados Unidos.
Este novo ataque dos rebeldes iemenitas ocorreu na sequência de ataques das forças norte-americanas, de madrugada, contra alvos Hutis no Iémen, onde eles, em guerra contra o poder desde 2014, controlam grandes parcelas de território.
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