Últimas palavras de executado com nitrogénio foram sobre a "humanidade"
Kenneth Eugene Smith foi executado na quinta-feira com método inédito e muito polémico. Ao contrário do que as autoridades judiciárias tinham garantido, quem assistiu ao momento afirma que o recluso sofreu durante alguns minutos, sem ar e em agonia.
© Micah Green / Reuters
Mundo Estados Unidos
Kenneth Eugene Smith, de 58 anos, foi executado na noite desta quinta-feira, nos EUA, com um método inédito que está a gerar muita controvérsia, e que já foi, inclusive, criticado pela ONU e UE e considerado tortura.
O método consiste na inalação de nitrogénio, um gás que faz as pessoas asfixiarem até à morte.
A execução começou às 19h53, horas locais, menos seis horas do que em Portugal Continental. Além de familiares, também cinco jornalistas assistiram ao momento, através de um vidro.
Minutos depois, às 20h25 (02h52, de Portugal Continental), Kenneth Eugene Smith, que tinha sido condenado à pena capital pelo assassinato por encomenda de uma mulher, em 1988, por mil dólares (cerca de 920 euros), foi declarado morto e as cortinas da "sala de exibição" fecharam-se.
Sofreu durante 10 minutos
Kenneth Eugene Smith© Polícia do Alabama
Conta a Associated Press, que, para a execução, os agentes colocaram uma máscara no rosto do norte-americano, fazendo com que ele inalasse nitrogénio puro, até ficar inconsciente.
Os jornalistas que acompanharam o processo contam que Kenneth teve algumas convulsões e contorceu-se na maca durante cerca dois minutos. Depois começou a respirar fundo, até que a respiração começou a desacelerar e foi declarado morto.
Já a viúva, que assistiu também ao momento, garante que o marido sofreu pelo menos durante 10 minutos, em agonia. "Estamos num país que acredita na Constituição. Desculpem, mas não vejo isso. Esta noite vi o meu marido ter convulsões e ficar ofegante, a procurar desesperadamente por ar, por pelo menos dez minutos", afirmou Deanna Smith, numa conferência de imprensa dada depois da execução.
Antes do procedimento, as autoridades do Alabama garantiram, em documentos judiciais, que o recluso ficaria inconsciente em menos de um minuto e que morreria pouco depois. Contudo, parece que não foi isso que aconteceu.
O Comissário do Departamento de Prisões do Alabama, John Hamm, disse que Kenneth terá "prendido a respiração o máximo que pôde", por isso, enfrentou uma "respiração agoniante". No entanto, segundo o responsável, tudo o que aconteceu "dentro do esperado".
"O Alabama fez a humanidade dar um passo para trás"
Como recorda a Associated Press, os advogados de Kenneth tentaram reverter a execução até o último momento. Contudo, o Supremo dos EUA recusou todos os recursos.
O norte-americano ingeriu assim a sua última refeição na manhã de quinta-feira. De acordo com as autoridades penitenciárias, comeu bife com batatas fritas e ovos estrelados. A partir das 10 horas da manhã todos os sólidos foram proibidos.
Antes do início da execução, Kenneth fez uma declaração final onde afirmou que a humanidade estava a dar um passo para trás ao deixar que fosse executado com um um método considerado, até por médicos veterinários, tão cruel. "Esta noite o Alabama fez a humanidade dar um passo para trás", terá dito.
Na mesma declaração, o norte-americano deixou uma mensagem aos familiares. "Parto com amor, paz e luz. Amo-vos", terá afirmado, segundo o que uma testemunha disse à imprensa.
Recorde-se que os EUA já tinham tentado executar Kenneth Smith, há cerca de 14 meses, em novembro de 2022. Contudo, depois de ter comido a sua suposta última refeição e se ter despedido, inclusive da sua família, os funcionários prisionais não conseguiram garantir um acesso veneno para lhe administrar a injeção letal.
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