"Concordo totalmente com as palavras do secretário-geral das Nações Unidas", frisou Borrell através da rede social X, à intervenção de Guterres hoje na abertura dos trabalhos do Comité da ONU para os direitos inalienáveis do povo palestiniano.
A UNRWA, no centro da polémica devido à alegada participação de uma dezena de funcionários desta agência nos ataques armados contra Israel em 07 de outubro, "reagiu rapidamente" após as acusações, realçou o diplomata espanhol.
"O seu trabalho para salvar vidas é o espinha dorsal da resposta humanitária em Gaza", vincou Borrell.
"O que está a acontecer em Gaza é uma cicatriz na nossa consciência partilhada", acrescentou o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
Guterres reuniu-se esta terça-feira com 35 Estados-membros (mais a União Europeia) na sede das Nações Unidas para procurar respostas rápidas ao anúncio de quinze países - incluindo os EUA e vários europeus -- da suspensão do seu financiamento para a UNRWA, devido às acusações.
Até agora, nenhum compromisso específico foi assumido por nenhum dos 35 participantes naquela reunião.
Neste sentido, o chefe da diplomacia europeia também concordou com o diplomata português de que os membros da ONU devem garantir que a UNRWA possa continuar o seu trabalho na Palestina.
Numa mensagem anterior, Borrell tinha destacado o papel insubstituível da UNRWA na entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, em referência a declarações nesse sentido da coordenadora da ONU para a entrega de ajuda humanitária e reconstrução de Gaza, Sigrid. Kaag.
"O embaixador dos Estados Unidos na ONU disse-o bem: embora seja necessária uma investigação, não devemos deixar que as acusações manchem o indispensável e grande trabalho da UNRWA", acrescentou o chefe da diplomacia comunitária.
A Comissão Europeia afirmou num comunicado divulgado na segunda-feira que determinará as próximas decisões de financiamento da UNRWA à luz das acusações feitas em 24 de janeiro sobre o envolvimento de alguns dos seus funcionários nos ataques perpetrados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro contra Israel.
A UE não suspendeu o financiamento a esta agência e o próximo pagamento está previsto para o final de fevereiro, a mesma data em que a agência ficará sem fundos devido à falta de financiamento, segundo a ONU.
A Comissão deixou claro que a ajuda humanitária aos palestinianos em Gaza e na Cisjordânia continuará sem interrupção através de organizações parceiras.
No ataque de 07 de outubro, os militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram mais de duas centenas de reféns que levaram para a Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelitas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea, marítima e terrestre que matou mais de 26 mil pessoas em Gaza, de acordo com dados divulgados pelas estruturas de governo do Hamas, que controla o enclave desde 2007.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.
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