David Cameron, que falou à agência Associated Press (AP) durante uma visita ao Líbano com o objetivo de conter as tensões regionais, referiu que não pode ocorrer nenhum reconhecimento enquanto o movimento islamita palestiniano Hamas permanecer em Gaza.
Contudo, frisou que esse reconhecimento pode ocorrer enquanto as negociações entre israelitas e palestinianos estiverem em andamento.
O reconhecimento do Reino Unido de um Estado independente da Palestina, inclusive nas Nações Unidas, "não pode ocorrer no início do processo, mas não precisa ser no fim do processo", frisou Cameron, ex-primeiro-ministro britânico.
"Pode ser algo que consideramos à medida que este processo, à medida que este avanço para uma solução, se torna mais real", defendeu.
"O que precisamos de fazer é dar ao povo palestiniano um horizonte para um futuro melhor, o futuro de ter um Estado próprio", acrescentou.
Para o chefe da diplomacia britânica, esta perspetiva é "absolutamente vital para a paz e segurança a longo prazo da região".
Reino Unido, EUA e outros países ocidentais apoiam a ideia de uma Palestina independente existindo ao lado de Israel, como uma solução para este conflito, mas defendem que a independência palestiniana deve ocorrer como parte de um acordo negociado. Não existem negociações substantivas desde 2009.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por seu lado, rejeitou publicamente a criação de um Estado palestiniano independente após a guerra, e até se vangloriou nas últimas semanas de ter sido fundamental para impedir a criação de um Estado palestiniano.
Uma medida tomada por alguns dos principais aliados de Israel no sentido de reconhecer um Estado palestiniano sem a adesão de Israel poderia isolar Telavive e pressionar o país a sentar-se à mesa.
Cameron sublinhou que o primeiro passo deve ser uma "pausa nos combates" em Gaza que acabaria por se transformar num "cessar-fogo permanente e sustentável".
O britânico acrescentou que para que o seu país reconheça um Estado palestiniano, os líderes do grupo islamita palestiniano Hamas precisam de deixar Gaza "porque não se pode ter uma solução de dois Estados com Gaza ainda controlada pelas pessoas responsáveis pelo 07 de outubro", o ataque sem precedentes do Hamas a Israel, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, desencadeando a guerra em Gaza.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea, marítima e terrestre contra a Faixa de Gaza, um pequeno enclave palestiniano com cerca de 2,3 milhões de habitantes.
A guerra causou 27.019 mortos na Faixa de Gaza, segundo um novo balanço divulgado hoje pelo Ministério da Saúde do movimento islamita, que controla o território desde 2007.
Até agora, o Hamas assumiu a posição de que os seus líderes não abandonariam o enclave como parte de um acordo de cessar-fogo.
Cameron realçou ainda que o seu país também está a propor um plano para diminuir as tensões na fronteira Líbano-Israel, onde o grupo xiita libanês Hezbollah e as forças israelitas têm trocado ataques quase diariamente nos últimos quatro meses, provocando receios de uma guerra mais ampla.
O plano incluiria o treino britânico das forças militares libanesas para realizar mais operações de segurança na região fronteiriça, detalhou.
Leia Também: Agência da ONU diz garantir sobrevivência de 2 milhões na Faixa de Gaza