De acordo com um novo relatório, a relação entre o regime talibã do Afeganistão e a rede terrorista da Al-Qaida continua estreita e, de acordo com Estados-membros da ONU, "a elevada concentração de grupos terroristas" no país está a minar a situação de segurança na região.
A maior ameaça para o Afeganistão é o grupo extremista Estado Islâmico (EI) e movimentos afiliados "com a capacidade de se projetar na região e além", disseram os especialistas, num documento enviado ao Conselho de Segurança da ONU.
O relatório anual, que cobre o período até 16 de dezembro de 2023, apontou, a nível regional, para uma sucessão de ataques nos vizinhos Irão e Paquistão e ameaças em países da Ásia Central.
O painel afirmou que, embora nenhum dos grupos afiliados à Al-Qaida tenha recuperado a capacidade de lançar operações de longo alcance, "nutrem ambições globais", havendo registo de "esforços secretos e calibrados para reconstruir a capacidade".
Apesar da derrota no Iraque em 2017 e na Síria, dois anos depois, o EI continua a ter entre três mil e cinco mil combatentes nos dois países, estimou o painel.
No Iraque, o EI está a desenvolver "uma rebelião de baixa intensidade com células terroristas secretas", enquanto na Síria os ataques se intensificaram desde novembro, disseram os especialistas.
Na África Ocidental e no Sahel, afirmou o painel, "a violência e a ameaça aumentaram novamente" nas zonas de conflito, levantando preocupações entre os países membros da ONU.
Os especialistas apontaram para "um défice nas capacidades de contraterrorismo", que o EI e os grupos afiliados à Al-Qaida continuam a explorar.
"A situação está a tornar-se cada vez mais complexa com a fusão de disputas étnicas e regionais com a agenda e as operações destes grupos", afirmaram.
Na África Oriental, o governo da Somália continua uma ofensiva militar, com ataques aéreos e operações militares, que causou perdas significativas ao movimento extremista Al-Shabab, disseram.
Mas o painel referiu que a afiliada da Al-Qaida continua a ter entre sete mil e 12 mil combatentes e receitas anuais estimadas em 100 milhões de dólares (92 milhões de euros), sobretudo de impostos ilegais cobrados em Mogadíscio e no sul da Somália.
O relatório indicou ainda que desde o início da guerra na Faixa de Gaza, entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, a Al-Qaida mudou a mensagem.
"Os Estados-membros estão preocupados que [a Al-Qaida] possa explorar a situação para recuperar relevância e explorar o descontentamento popular sobre o número de vítimas civis, fornecendo orientação àqueles que desejam agir", inspirando "ataques solitários em todo o mundo", afirmou o painel.
Em toda a Europa, "os níveis formais de ameaça terrorista aumentaram (...) depois de ataques no final de 2023 em França e na Bélgica, além de numerosos incidentes terroristas não letais e detenções em vários países europeus", salientaram os especialistas.
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