O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou, esta sexta-feira, o início da retaliação daquele país face à morte de três soldados norte-americanos na base militar da Jordânia, que foi atingida por um drone lançado por grupos ligados à Guarda Revolucionária do Irão, no domingo.
O chefe de Estado assegurou também que a investida continuará, ainda que os Estados Unidos "não procurem conflitos no Médio Oriente ou em qualquer outro lugar do mundo".
"Esta tarde, sob a minha orientação, as forças militares dos EUA atingiram alvos em instalações no Iraque e na Síria que a Guarda Revolucionária do Irão e as milícias afiliadas utilizam para atacar as forças dos EUA. A nossa resposta começou hoje. Continuará em horas e locais à nossa escolha", adiantou Biden, num comunicado divulgado pela Casa Branca.
O responsável salientou, contudo, que o país não tenciona manter "conflitos no Médio Oriente ou em qualquer outro lugar do mundo". "Mas que todos aqueles que possam tentar magoar-nos fiquem cientes: se magoam um norte-americano, responderemos", rematou.
"Todas as ações necessárias para defender os EUA"
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, emitiu um comunicado de teor semelhante, tendo assinalado que tomará "todas as ações necessárias para defender os EUA".
"Não pretendemos manter conflitos no Médio Oriente ou em qualquer outro lugar, mas não toleraremos ataques às forças norte-americanas. Tomaremos todas as ações necessárias para defender os Estados Unidos, as nossas forças e os nossos interesses", garantiu.
Pelo menos 13 combatentes apoiados pelo Irão foram mortos na investida militar no leste da Síria, segundo adiantou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, em comunicado.
Os ataques aéreos destruíram 17 posições que abrigavam milícias iranianas em Al-Mayadeen e Al-Bokamal, perto da fronteira entre a Síria e o Iraque. Posições perto da cidade de Deir ez-Zo também foram atacadas, de acordo com a mesma nota.
Entre os 85 alvos e sete instalações atacadas hoje estão centros de comando e inteligência, bem como infraestruturas de armazenamento de drones e mísseis pertencentes a milícias e forças iranianas "que permitiram ataques contra forças norte-americanas e da coligação".
Duas fontes de segurança iraquianas adiantaram à agência France-Presse (AFP) que um dos alvos foi "um quartel-general das fações armadas na área de Al-Qaïm, perto da fronteira com a Síria com um armazém de armas ligeiras".
Um segundo ataque, na região de Al-Akachat, mais a sul e ainda perto da fronteira, teve como alvo um centro de comando das operações de Hachd al-Chaabi, uma coligação de antigos paramilitares que reúne estas fações pró-Irão, frisou uma das fontes.
Um responsável do Hachd al-Chaabi, que também falou sob a condição de anonimato, confirmou estes dois bombardeamentos, assegurando que o ataque de Al-Akachat causou feridos.
De salientar que os Estados Unidos reforçaram as defesas da base militar onde morreram os três soldados norte-americanos, num momento em que diversos grupos da resistência iraquiana apelaram ao prosseguimento dos ataques contra as forças norte-americanas instaladas no Médio Oriente.
Em comunicado hoje divulgado, a Harakat al-Nujaba, uma das mais poderosas milícias iraquianas, anunciou planos para o prosseguimento das operações militares contra as tropas dos EUA, apesar de outras fações terem apelado ao fim das ações armadas.
Após o ataque à Torre 22, a base instalada pelos norte-americanos em solo jordano e perto da fronteira com a Síria, Washington considerou que foi ultrapassada uma "linha vermelha" e admite-se que a retaliação em preparação inclua ataques aos líderes das milícias.
As opções dos EUA que estão a ser consideradas poderão abranger alvos na Síria, Iémen e Iraque, de onde foi disparado o drone de fabrico iraniano que em 28 de janeiro passado matou os três soldados norte-americanos, precisou o mesmo responsável.
Ainda hoje, o Tesouro norte-americano (ministério das Finanças) impôs novas sanções a um conjunto de empresas no Irão e em Hong Kong acusadas de ajudarem o Irão a garantir tecnologia para a produção de mísseis balísticos e drones.
Os EUA também aplicaram sanções a seis responsáveis oficiais iranianos por alegarem ter cometido diversos ciberataques contra infraestruturas críticas nos EUA e em outros países.
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