Paris deve "refletir" sobre "política perigosa" relativamente à guerra
Moscovo comentava a morte de dois trabalhadores franceses na Ucrânia, dizendo desconhecer os ataques que foram atribuídos à Rússia.
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Mundo Guerra na Ucrânia
A Rússia disse esperar, esta segunda-feira, que a morte de cidadãos franceses na Ucrânia, na semana passada, leve a opinião pública francesa a refletir sobre a "política perigosa" que Paris está a seguir relativamente ao conflito.
Esta posição foi partilhada por Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
"Esperamos que o incidente leve a opinião pública francesa a refletir cuidadosamente sobre a pertinência da política contraproducente e perigosa da sua liderança relativamente ao conflito na Ucrânia", disse a diplomata russa, citada pela agência estatal TASS, num comentário aos ataques que mataram dois trabalhadores humanitários franceses na Ucrânia na semana passada e que foram atribuídos a Moscovo.
"Enquanto expressam indignação pela morte dos seus compatriotas, os líderes franceses fecham os olhos ao facto de as armas que fornecem [à Ucrânia] serem deliberadamente usadas pelo regime de Kyiv para matar civis em cidades russas", alegou. "Além disso, Paris até citou o direito à autodefesa, tentando justificar estas atrocidades", acrescentou.
Maria Zakharova recusou entrar em "pormenores" sobre o incidente, que a Rússia alega desconhecer, mas notou que "qualquer perda de vidas é sempre uma tragédia".
"No entanto, as autoridades francesas têm sido teimosamente relutantes em reconhecer o papel fatal que Paris, juntamente com outras capitais ocidentais, tem desempenhado na criação da crise ucraniana desde 2014", atirou.
A diplomata criticou ainda o "envio de armas letais" para a Ucrânia e a "formação de soldados ucranianos" por parte de França.
"Temos dito repetidamente que o crescente envolvimento da França no conflito ucraniano não só o prolonga, aumentando as tensões, mas também põe em perigo a vida dos cidadãos franceses que, influenciados pela propaganda antirrussa, viajam para a zona de combate como mercenários ou voluntários com o consentimento tácito das autoridades em Paris", rematou.
Recorde-se que as tensões entre França e Rússia aumentaram recentemente devido à Ucrânia, com Moscovo a criticar o "frenesim militarista" francês após o anúncio de novas entregas de armas a Kyiv.
As duas vítimas francesas, dois trabalhadores humanitários, foram mortas na quinta-feira num ataque a Beryslav, uma pequena cidade ucraniana na margem norte do rio Dnieper, perto da linha da frente. Três outros cidadãos franceses ficaram feridos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de França anunciou que ia chamar, esta segunda-feira, o embaixador russo, para reiterar a condenação destes ataques, mas também "denunciar o aumento da desinformação contra a França".
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