Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel manifestou esta posição à agência Europa Press, depois de o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, ter anunciado que Espanha não só continuará a apoiar a URNWA como também disponibilizará 3,5 milhões de euros para que possa continuar a desenvolver as suas atividades a curto prazo, depois de outros países doadores terem suspendido o financiamento.
"Achamos muito lamentável" a decisão do Governo espanhol "sem sequer esperar" para saber o resultado da investigação em curso depois de ter sido revelado que alguns dos trabalhadores da UNRWA participaram no massacre de 07 de outubro e nas ligações desta agência da ONU "com uma organização terrorista como o Hamas", apontaram as fontes.
Em 26 de janeiro, a UNRWA anunciou o despedimento de vários dos seus funcionários depois de Israel ter revelado que tinham participado nos ataques de 07 de outubro e anunciou a abertura de uma investigação, à qual também aderiu a própria ONU.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, nomeou hoje a comissão externa responsável pela investigação da integridade da UNRWA, sob a direção da ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna.
Como resultado destes acontecimentos, numerosos países doadores, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e vários Estados-membros da UE, como a Itália e a Alemanha, suspenderam as suas contribuições financeiras para a agência da ONU, enquanto outros, como Portugal, Noruega e Bélgica, reiteraram o seu apoio.
Na semana passada, Portugal anunciou uma contribuição adicional de um milhão de euros.
Albares já anunciou na semana passada que Espanha continuaria a apoiar a UNRWA nas atuais circunstâncias, embora acompanhando de perto a investigação em curso, e hoje, perante a Comissão de Cooperação Internacional do Congresso dos Deputados, voltou a defender que se trata de uma "organização indispensável".
O ministro espanhol sublinhou que a agência da ONU não só trabalha em Gaza, mas também presta cuidados a 6 milhões de refugiados palestinianos que vivem noutros países como o Líbano, a Síria ou a Jordânia.
De acordo com Albares, o facto de a UNRWA ficar sem fundos pode significar que os 1,1 milhões de palestinianos em Gaza que recebem ajuda alimentar diária "podem conseguir comer amanhã ou não".
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 375 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.
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