Num comunicado divulgado pelo seu gabinete, Benjamin Netanyahu afirma que Israel não conseguirá derrotar o Hamas sem destruir as forças que o movimento islamita palestiniano mantém naquela cidade e nos seus arredores.
"É impossível atingir o objetivo de guerra de eliminar o Hamas e deixar quatro batalhões em Rafah", afirmou o gabinete do primeiro-ministro de Israel.
Benjamin Netanyahu quer que as Forças de Defesa de Israel (FDI) e o Ministério da Defesa apresentem ao Conselho de Ministros um "plano duplo para a retirada da população e para o desmantelamento dos batalhões" de militantes islamitas.
"É evidente que uma operação de grande envergadura em Rafah exige a retirada da população civil das zonas de combate", refere o comunicado oficial.
Os ataques israelitas a Rafah, na fronteira com o Egito e onde 1,3 milhões de palestinianos sobrevivem em condições de sobrelotação, aumentaram nos últimos dias e com eles o receio de uma ofensiva terrestre das IDF na zona, uma opção que assume agora uma nova dimensão após o anúncio israelita.
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, já tinha sugerido várias vezes na semana passada que Israel avançaria em direção a Rafah quando terminasse as suas operações em Khan Younis, um reduto do Hamas no sul.
Essa possibilidade parecia mais distante, uma vez que estava a ser negociado um outro possível acordo de cessar-fogo para libertar reféns e prisioneiros palestinianos, mas as conversações parecem estar estagnadas, já que o Hamas exige uma cessação definitiva das hostilidades e a retirada das tropas israelitas do enclave, algo a que Netanyahu se opõe fortemente.
Tanto a ONU como os EUA manifestaram a sua preocupação quanto a uma possível expansão da ofensiva terrestre do exército israelita para Rafah, o último refúgio de mais de um milhão de habitantes de Gaza que fogem dos combates há quatro meses.
O Departamento de Estado advertiu na quinta-feira que uma operação militar em Rafah sem um planeamento adequado para a retirada de civis seria "um desastre".
"De acordo com o direito humanitário internacional, o bombardeamento indiscriminado de áreas densamente povoadas pode constituir um crime de guerra. A escalada das hostilidades em Rafah, nestas circunstâncias, poderia resultar na perda de vidas civis em grande escala", afirmou esta semana Jens Laerke, porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
O ataque sem precedentes do Hamas em 07 de outubro causou cerca de 1.200 mortos, segundo Israel.
Desde então, quase 28.000 palestinianos, a grande maioria mulheres, crianças e adolescentes, foram mortos na Faixa de Gaza pelos bombardeamentos e operações militares israelitas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, movimento considerado terrorrista que controla o enclave desde 2007.
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