Exército ruandês está a utilizar mísseis terra-ar na RD Congo

Elementos do exército ruandês que apoiam a rebelião do M23 no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) dispararam pelo menos um míssil terra-ar contra um drone de observação das Nações Unidas, segundo um documento interno da organização.

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© SEBASTIEN KITSA MUSAYI/AFP via Getty Images

Lusa
12/02/2024 12:55 ‧ 12/02/2024 por Lusa

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RD Congo

De acordo com o documento confidencial, consultado pela agência France Presse, um "presumível míssil terra-ar das Forças de Defesa do Ruanda (RDF)" visou um drone de observação da ONU na passada terça-feira, sem o atingir, e foi disparado de um veículo blindado numa zona controlada pelo M23.

"Os serviços de informação militares externos franceses confirmam que o veículo blindado WZ551, equipado com um sistema de mísseis terra-ar, é ruandês", acrescenta o documento.

Duas fotografias aéreas, anexadas ao relatório, mostram um veículo blindado de 6 rodas com um radar e um sistema de lançamento de mísseis instalado no tejadilho e foram tiradas a cerca de 70 quilómetros a norte de Goma, no norte do território Rutshuru, pelo drone que foi alvo do míssil.

A Monusco (Missão das Nações Unidas na RDCongo) afirma no documento que não tem conhecimento de "nenhum grupo armado com a formação ou os recursos necessários para operar e manter um sistema móvel de mísseis terra-ar" e aponta para uma "escalada das forças convencionais envolvidas no conflito no leste da RDCongo".

Nem as Nações Unidas nem as FARDC (Forças Armadas da RDCongo) comunicaram até agora este incidente.

O documento refere que "o M23 e o exército ruandês" utilizaram numerosos tipos de armas contra aviões em voo e que possuem igualmente armas antiaéreas e sistemas de defesa aérea portáteis do tipo MANPADS.

Os autores do documento consideram que os novos meios antiaéreos utilizados pelo M23 e pelo exército ruandês "constituem uma ameaça de alto risco para todos os aviões do governo da RDCongo e da Monusco na região".

No final de janeiro, num vídeo publicado num canal pró-M23 no YouTube, Willy Ngoma, porta-voz do movimento rebelde apoiado pelo regime de Paul Kagame, ameaçou a Monusco com represálias, acusando-a de "fornecer informações" aos seus "inimigos" -- as forças da RDCongo -, recolhidas por drones.

No mesmo vídeo, Willy Ngoma mostra o que descreve como os destroços de um drone CH-4 pertencente às FARDC, que afirma ter sido abatido por um caça do M23.

Em 17 de janeiro, os rebeldes anunciaram que dois dos seus comandantes tinham sido mortos num ataque que, segundo fontes de segurança, tinha sido realizado por um drone em Kitshanga, localidade situada a cerca de cinquenta quilómetros a norte de Goma, a capital provincial do Norte do Kivu.

Esta província é, desde o final de 2021, palco de um conflito que opõe a rebelião do M23 ("Movimento 23 de março"), apoiada por unidades do exército ruandês, ao exército congolês e vários grupos armados aliados.

Leia Também: Embaixada de Portugal pede prudência a portugueses a residir na RD Congo

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