"Estamos a testemunhar em tempo real a destruição e o deslocação forçada de toda a população de Gaza", disse o coordenador de emergência de MSF em Gaza, Amande Bazerolle.
A responsável acredita que a resposta humanitária está "severamente prejudicada pela insegurança contínua e pela escassez crítica".
Para a coordenadora, a série de ataques mortais pelas forças israelitas demonstra "um flagrante desrespeito à segurança dos trabalhadores humanitários e médicos em Gaza".
Esta Organização não Governamental (ONG) diz que 11 funcionários foram mortos desde o início da guerra no estreito território palestiniano.
"Apelamos às autoridades israelitas para que levantem imediatamente o cerco desumano e mortal imposto a Gaza, para proteger as vidas dos palestinianos, bem como as do pessoal humanitário e médico, e para trabalhar com todas as partes para restabelecer e manter um cessar-fogo", continuou a MSF.
Após uma trégua de dois meses, Israel retomou os bombardeamentos aéreos e uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza.
A 18 de março, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu disse que aumentar a pressão militar era a única maneira de forçar o Hamas a devolver os reféns.
Israel também está impedir a entrada de qualquer ajuda humanitária no território e, de acordo com a MSF, o 'stock' de alimentos, combustível e medicamentos está esgotado.
A MSF está particularmente preocupada com a escassez de medicamentos para o tratamento de dor e doenças crónicas, antibióticos e equipamentos cirúrgicos essenciais. Sem fornecimento de combustível, os hospitais que geram eletricidade para funcionar com geradores não poderão operar ou manter pacientes graves vivos.
"Isto não é uma falha humanitária, mas uma escolha política e um ataque deliberado a um povo, realizado com total impunidade", acusa Bazerolle.
Os bombardeamentos e os combates limitam severamente o que a MSF é capaz de fazer, nomeadamente o objetivo de regressar ao hospital indonésio no norte de Gaza.
A ONG relata que as equipas deveriam ter começado a administrar a ala pediátrica, mas tiveram que fugir do hospital de campanha instalado ao lado do complexo.
As clínicas móveis de MSF no norte de Gaza foram suspensas e, no sul, as equipas não puderam retornar à clínica Al-Shaboura, em Rafah.
Leia Também: Israel mata fotojornalista e família ao bombardear casa em Gaza